quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A VIDA E OS SEUS MISTÉRIOS


Se tudo na vida é mistério até ser compreendido e integrado nos nossos saberes vivenciais, nós, HUMANIDADE, tendemos para o “Infinito” e seremos sempre um mistério até sermos definitivamente integrados “Nesse Infinito” a que vulgarmente chamamos de eternidade ou vida para além da morte física.
As descobertas científicas antes de serem experimentadas e vivenciadas pelos homens também eram um mistério que aos poucos se foi e vai desfazendo. Todavia, o “Ser Humano”, desvendando tantos mistérios, continuará sempre infinitamente misterioso, porque único ser criado semelhante ao seu misterioso Criador.
Assim sendo, as relações humanas, se não constantemente firmadas num íntimo relacionamento de cada homem ou mulher consigo mesmo no sentido melhorar constantemente as suas atitudes em colaboração constante e directa com o Supremo, seja essa colaboração feita como for e chamada à DIVINDADE o nome que chamar, essas relações não terão a mínima possibilidade de serem adequadas ao bem da própria pessoa ou da sociedade onde estiver inserida. O Homem é um ser social por excelência, mas o seu “SER” verdadeiramente “HOMEM” é muito complexo. Cada PESSOA terá de extrair, da sua própria essência, ou seja, dos genes recebidos dos seus progenitores que lhe conferem uma identidade própria única e irrepetível que a distingue de todos os outros seres, e ao mesmo tempo também da sociedade a partir sempre do seu meio ambiente natural (família e amigos), a aprendizagem que lhe convém para o seu melhor desenvolvimento integral que engloba tudo o referente ao seu corpo (visível) e mais ainda a tudo quanto os nossos sentidos não conseguem alcançar e que é sempre o mais importante... o mistério... (invisível e impalpável).
Ainda que gastemos a vida numa constante busca de nós mesmos e na maior ampliação possível de todas as nossas capacidades a todos os níveis ao ponto de chegarmos a pensar ter conseguido o máximo de paciência, compreensão, entendimento, fortaleza, espírito crítico, interioridade, aceitação... sei lá qual o número de qualidades que podemos enumerar... isso apenas poderá dar-nos a ideia, certa ou errada, de nos encontrarmos num maior ou menor nível de auto conhecimento e perfeição, mas não nos levará nunca a deixarmos de ser um mistério... para nós e para os outros. Quem nos rodeia nunca poderá ter acesso ao íntimo do nosso ser, pois por mais que lhes abramos todas as portas do coração e nos esforcemos por lhes mostrar claramente todas as razões das nossas atitudes de modo a poderem sorver o que realmente somos, nunca conseguirão descobrir devidamente a nossa realidade pessoal. A esta parte, teremos que lembrar que nós próprios somos um mais que gigante mistério para nós mesmos, pois mesmo com uma vida dignificada por um bom relacionamento social impregnado de boas acções ou imbuída de atitudes de oração, meditação, interiorização, autocrítica, doação e amor numa visão muito clara das nossas potencialidades e das realidades que nos circundam no desejo sincero de minorar o sofrimento alheio... num qualquer momento, inesperadamente, num abrir e fechar de olhos, sem saber como nem porquê, podemos voltar a cair em erros passados ou cometer outros ainda piores... situações que acabam por nos provocar humilhações e pedidos de desculpas diante dos homens e ao mesmo tempo necessidade premente de dobrar mais os joelhos perante a misericórdia de Deus, seja Ele chamado com o nome que for ou mesmo sob a afirmação categórica de que Ele não existe.
Nunca conseguiremos resistir à dor da queda nas nossas fraquezas e desvarios se não nos sentirmos acalentados por alguém que nos compreenda de onde sobressairá sempre, e acima de tudo, “ESSE SER ÍNTIMO E SUPERIOR”, tenha para nós que nome tiver.
Um bom ano de trabalho e possibilidades de emprego para quem ainda o não tem.

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

"Nem só de pão vive o Homem"

Dotado de sentimento e razão, o ser humano pode tomar decisões fortes, firmes e duradoiras, conjugando harmoniosamente e com sabedoria estas duas forças ao longo de toda a sua vida que tem acontecimentos marcantes, uns mais que outros.
Depois de uma integração sociocultural, há a considerar, sem dúvida, a escolha acertada de uma profissão para um emprego que satisfaça as necessidades vitais, que dê independência económica. Para isso fazem-se os maiores esforços: fazem-se consultas a especialistas e testes psicotécnicos para facilitar a escolha de entre os mais variados cursos, pagam-se estudos, pedem-se empregos... É lógico e necessário que assim seja, pois o contrário é que seria inaceitável e incompreensível.
Mas "Nem só de pão vive o Homem!" Não estaremos nós, pais e educadores, a preocupar-nos apenas com uma das partes da vida de uma pessoa? Vejamos:
Antes de ir para o emprego, o jovem sai de casa: primeiro, da dos pais; depois, da dele. E a sua vida, tal como a nossa, rodará entre a casa e o trabalho, com alguns momentos de lazer. E as maiores dificuldades que irá sentir serão, sabemo-lo por experiência própria, a adaptação ao trabalho, patrão e colegas, e a partilha de vida com alguém. Para ser feliz e se sentir realizado, o jovem terá de manter sob controle todas estas situações, ininterruptamente. Para que tal aconteça terá de se conhecer muito bem, interiormente, com os seus defeitos e as suas qualidades... terá de saber analisar capazmente o comportamento das pessoas que o rodeiam para poder compreendê-las e viver em paz com elas e consigo mesmo... terá de saber distinguir uma paixão sufocante e passageira baseada num momento de prazer ou conhecimento superficial, de um amor verdadeiro, profundo, reflectido, que aceita o outro como ele é, com defeitos e qualidades, e está disposto a seguir em frente, contra tudo e contra todos, num projecto de vida em comum.
Enfim: terá que conciliar a estabilidade económica, que é imprescindível, com a estabilidade familiar e emocional, que também o é. No entanto, de uma maneira geral, esquecemos esta realidade.
Que fazemos nós, pais e educadores, pela estabilidade emocional dos nossos educandos? Que conceito lhes damos da vida em sociedade? Que conceito lhes damos da vida em família? Como os olhamos no tempo de namoro? Que lhes dizemos acerca dessa fase tão importante no decorrer das suas vidas?
Meter-se na vida deles, escolher por eles, empurrá-los para onde se quer... não!...
Orientá-los, aconselhá-los, falar-lhes numa vida de respeito mútuo, na dignidade dos valores humanos, no respeito pela vida... dar-lhes liberdade consciente e responsável... sim!...
Temos tendência a preocupar-nos muito com os meios de sobrevivência e estamos certos, mas esquecermo-nos duma coisa muito importante: o trabalho e a família conjugam-se na vida dos seres inseridos na sociedade; o mau ambiente de trabalho ou o fazer o que se não gosta, causa problemas, mas a pessoa acaba por se adaptar e arranjar outras compensações sem prejudicar ninguém, enquanto que no mau ambiente familiar todas as compensações que se possam encontrar vão sempre prejudicar, de qualquer forma, aos dois, e mais ainda aos filhos que não tiveram culpa de nascer.
Educadores e educandos, empenhados em ajudar a construir um mundo melhor, tenhamos presente o quanto é importante, com sentimento e razão, cada um saber o que fazer da própria vida, em espírito e verdade, demonstrando o maior respeito por si e pelo seu semelhante.

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra