terça-feira, 29 de julho de 2008

RECORDAR... PARA VIVER!...

Eu sei que quando um sentimento abrasa o coração, por mais que o queiramos encobrir, ele fura todos os poros do nosso ser! Mas... há momentos em que se torna urgente ir mais além, ainda que para isso tenhamos de pedir perdão a todos quantos não comungam das nossas ideias... é o que eu estou a fazer, antecipadamente.
Há meses atrás, ao receber a revista bimensal “Mensagem” que faz tempo assino, deparei com o anúncio das “Jornadas de Verão para Catequistas e outros Educadores”, um tipo de formação específica da Diocese do Porto, precisa e abrangente, que costumo frequentar a todo o custo. Escolhi o tema que mais me agradou e apressei-me a entregar a inscrição, não fosse, de algum modo, acabar por não poder ir para o tipo de formação que pretendia.
Chegou o momento aprazado. Contra o habitual... nem uma só pessoa da minha terra!... Não me senti isolada! Havia pessoas dos mais variados recantos da Diocese (e não só) a exercer as mais díspares profissões e com diferentes responsabilidades dentro das suas Paróquias, todas irmanadas de um mesmo desejo: espalhar, de algum modo, a Boa Nova de uma Vida de Amor.
O desejo avassalador de querer beber levou-me a tentar conseguir sofregamente abarcar todo o potencial de vivências que me rodearam naqueles três inesquecíveis dias.
Foram já as (minhas) IV Jornadas! Pela novidade pareceram-me as primeiras! Pela qualidade... afiguraram-se-me as melhores. A perfeição exige treino empenho e saber... um bem-haja a todos.
Não vou de modo algum referir-me à maravilhosa formação conseguida, mas à visão harmoniosa do conjunto de tudo quanto pude ver e sentir dentro das minhas limitações.
Para começar, de entre os formandos da sala 205... a única pessoa que cometeu erros fui eu... uma vez que não consegui ver nada de errado em mais ninguém... e éramos um grupo grande.
No final, Domingo, os olhos de todos estavam voltados para a Conferência de D. Manuel Clemente e Eucaristia por ele presidida.
A Conferência foi simplicíssima e eloquente, mas as palavras que mais me tocaram não foram pronunciadas!...
Estava lado a lado com a Drª Isabel (Presidente do Secretariado Diocesano de Catequese), falavam, gesticulavam e sorriam tão naturalmente como dois bons amigos; ele retirou graciosa e amavelmente das mãos de Isabel as cadeiras excedentes da mesa onde se encontravam e dispô-las no auditório para serem usadas pelos presentes, convidando-os a acomodarem-se de qualquer modo; a Drª precisou usar da palavra e ele retirou-se mansamente do ambão e encostou-se calmamente à parede; durante a Conferência falou de coisas muito importantes ilustradas com a partilha das experiências das coisas mais significativas e simples de sua própria vida.
Começaram os preparativos imediatos para a Eucaristia. Foi brilhante e enternecedora a forma como tudo se passou: a encenação do início, durante e no final da Eucaristia; a interacção entre o Sr Bispo e a Equipa do Secretariado (e os demais), alegre, confiante, coordenada, precisa, coesa, coerente, abrangente, presente, activa, organizada e simples. Todos os participantes... tão activos... tão presentes... Muito honestamente repeti para mim mesmo vezes sem conta aquela conhecida frase que se aplicava ao relacionamento de intimidade que havia entre os primeiros cristãos: “ Vede como eles se amam!”
Se me perguntarem se há “Céu”... (mesmo que mais não seja...) só por isto... terei que dizer que sim, pois principalmente nesta Eucaristia vivida na Casa de Vilar... senti-me num “Céu”... limitado... que deveria passar a não ter limites.
Mais uma vez, as minhas desculpas aos desinteressados! Que quem tem ouvidos... me entenda।

Hermínia Nadais

A publicar no “ Notícias de Cambra”

sábado, 26 de julho de 2008

TANTA INSTABILIDADE FAMILIAR...


O desenvolvimento sócio-económico e cultural da humanidade foi ao longo dos tempos, e ainda hoje é, urgente e necessário, mas traz consigo situações inesperadas e de difícil resolução. Desde os primórdios o Homem evoluíu constantemente, e sem parar, vai desbravando os limites máximos da sua capacidade para fazer novas e importantes descobertas no sentido de tornar a vida cada vez mais agradável e acolhedora. No desenrolar de todos esses acontecimentos, tem lutado contra inúmeros problemas inerentes às mais variadas situações: religiosas, políticas, umas isoladas outras em simultâneo; no entanto, há sempre problemas que se sobrepõem a outros. Na actualidade, de entre tantos, um dos mais alarmantes parece ser, sem dúvida, a instabilidade familiar.
Em grande parte das famílias há um "casa" e "descasa" aflitivo.
Por troca de desmedido prazer e bem-estar material perdem-se valores. A aceitação mútua dos seres tal qual se apresentam está a ser cada vez mais difícil. A incerteza do dia de amanhã torna-se uma preocupação constante.
Ao tomar conhecimento de uma nova união de vidas, início de vida a dois, ouvindo o alegre repicar do sino ou vendo os risonhos nubentes saindo do Cartório do Registo Civil, instintivamente surge uma evocação que demonstra claramente a preocupação de cada um em face do bem-estar de todos: "Que sejam felizes!"
E, porquê tal pedido em ocasião tão especial que parece levar a vida a um verdadeiro mar de rosas?!... É que vemos tanto casal em crise, que não queremos de forma alguma que esse seja mais um.
E que dizer de quando há um nascimento?
À partida, é uma grande alegria!... A vida que se transmitiu, faz com que os pais se revejam nos filhos e os avôs nos netos. Mas... por quanto tempo durará essa felicidade?!... Para quantos pais ela será para sempre? Quantas crianças nascidas no meio de tanto amor e entusiasmo crescerão harmoniosa e normalmente no aconchego da sua família nuclear e rodeadas do apoio e carinho da família alargada, conforme o sonho doirado do dia do nascimento? Do nascimento, ou casamento, pois quantas crianças existem cujas concepções foram desejadas pelos pais e já nascem com eles separados... ou quase.
Vivemos o tempo presente da melhor forma, é um facto. E o depois!...
O depois dependerá de cada um dos intervenientes no filme que é cada vida.
Parecem descabidas estas observações, mas são pertinentes.
Somos seres sociais. Tudo o que cada um fizer, quer queira quer não, tem influência na vida do outro. O exemplo, mau ou bom, marca uma pessoa.
Pelo facto, temos que ver o lado bom e mau das coisas que vão acontecendo nas vidas que nos rodeiam para que nos sirvam de lição e chamem à atenção para muitas realidades. E, ao constituir família, ninguém deve ter o ânimo leve, mas parar para pensar em todas as consequências que daí possam aparecer.
O ser humano é muito completo. Ele não pode de forma alguma reagir instintivamente, pois quando o faz, surgem problemas incontroláveis.
O instinto é rápido e impreciso, não pensa. É próprio dos animais irracionais, mas muitas vezes ilude os seres humanos quando estes se deixam enganar pelos sentimentalismos do coração.
O ser humano é dotado de sentimento e razão, e só quando estas duas forças se conjugam com sabedoria e confiança, as suas acções têm possibilidade de serem profundas e doradoiras. Saber-se isto pode ser algo de fácil, mas o pôr-se esse saber em prática, é muito difícil, pois mexe com o íntimo de cada um e obriga a muitas privações e sacrifícios. É difícil, mas não impossível, basta querer e ter força de vontade. Com a experiência conseguida na vida e pela vida, porque a vida é uma escola e é com ela que mais se aprende, veremos como.

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra

segunda-feira, 14 de julho de 2008

FÉRIAS... COM DIGNIDADE!...

Os meses de Julho e Agosto são os que mais nos lembram as tão almejadas férias!
Para alguns... muito poucos... são realmente a ocasião de ir ao encontro das mais diversas paragens com o coração cheio da esperança de encontrar momentos férteis de encanto e lazer; para outros, são meses de trabalho ainda mais intenso na ânsia de aproveitar ao máximo proventos extraordinários para recompor ou prover o escasso orçamento familiar de modo a poderem viver mais desafogados o resto do ano; para outros, a maior parte, estes meses não passam de dias de rotina habitual acrescentada de um maior calor pelo menos diurno.
Perante uma panorâmica tão variada das pessoas que nos cercam, em que os ricos são cada vez em menor número mas com as carteiras bem mais recheadas... os pobres aumentam cada vez mais em número e em situações de extrema pobreza... em que já se fala escancaradamente em fome... em que se pode provar que há fome por doenças contraídas baseadas na miséria e pela ocorrência de pedidos de socorro às várias instituições que trabalham no campo sócio caritativo... em que cada vez mais as referidas instituições têm de estar despertas principalmente para a chamada “pobreza envergonhada”, a que esconde a todo o custo as dificuldades sentidas e sofre horrivelmente... é mais que urgente revermos a nossa forma de viver.
É inadmissível falar-se tanto na minimização de problemas sociais... e que estes se nos apresentem cada vez maiores. É preciso pelo menos arranjar pistas que nos levem a tentar acabar de vez com este drama que terá de passar, irremediavelmente, por uma mudança radical de mentalidades.
Para alguns analistas muito razoáveis, a agudização desta situação deve-se a vários factores: a ânsia desmedida do ter que leva as pessoas a quererem comprar tudo quanto vêem ou lhes apetece; a fuga ao sacrifício, necessário e urgente na aceitação do trabalho que se nos apresenta e na sábia contenção das despesas; a busca permanente... e a permanente aceitação de facilidades exageradas principalmente as apresentadas pelas instituições bancárias que já não sabem mais que fazer a tanto lucro e oferecem dinheiro em condições nada razoáveis... lançando na ruína as pessoas mais carentes e incautas; a luta acérrima e desleal pelo poder, que leva a não olhar a meios para atingir fins no sentido de conquistar um lugar de destaque na sociedade; em suma, quase tudo se resume a um “querer mostrar-se superior parecendo ser aquilo que se não é”.
Depois, critica-se o Governo, as Autarquias, a Escola, as Instituições, os Industriais, os Comerciantes, os Patrões, os Empregados, os Amigos e até se arranjam muito mais “Inimigos”... critica-se “tudo” e criticam-se “todos”... normalmente porque, desta forma, não precisamos entrar no verdadeiro campo da crítica... a crítica pessoal à nossa maneira de viver que, cegamente, achamos ser sempre a melhor... porque os culpados dos nossos deslizes, canseiras e preocupações... vistos assim... serão sempre os outros.
Há muitas famílias que se deveriam sentir carentes e que vivem razoavelmente; há outras que não lhes interessa trabalhar... ou então gastam todo o dinheiro nos primeiros dias do mês e passam o resto do tempo a reclamar; há ainda outras que por mais que se esforcem o poço já é tão fundo que não conseguirão sair dele sem alguém que lhes deite a mão.
É hora de começarmos a entrar bem dentro de nós mesmos para podermos avaliar qual é a nossa verdadeira situação... uma forma de podermos ir ao encontro dos outros para ajudá-los... quando mais não for... por um bom exemplo de vida... que é a melhor forma de ensinar a viver... pois de sermões está toda a gente farta!
Desejo a todos um bom período de férias gozado com sabedoria e dignidade!

Hermínia Nadais
A publicar no “Notícias de Cambra”

quarta-feira, 9 de julho de 2008

OS PERIGOS DA SOCIEDADE

O tempo em que, genéricamente, a mulher andava, amargurada, atrás do marido, quase já faz parte do passado. Ainda há casos desses, mas os seus números vão diminuindo tão naturalmente que quase não se dá por isso.
O homem, mesmo sem perder os seus estatutos, reconhece o trabalho duplo da mulher e ajuda-a. O homem e a mulher, lado a lado, acabam por ter vida de trabalho dupla, pois ambos trabalham no emprego e em casa.
Analisando friamente estas novas situações, encontraremos, talvez, resposta para muitas perguntas que toda a gente pensa mas ninguém ousa fazer.
Depois de entregar os filhos a familiares, amas ou instituições, a mulher e o homem saem para os empregos. Sempre ou quase, estes, são em locais diferentes, e, por vezes, bem distanciados. Isto obriga a que, nas idas e regressos dos trabalhos, tenham de ser usados transportes diferentes: colectivos, boleias e veículos próprios que por vezes se multiplicam, há um para o homem e outro para a mulher.
O local de trabalho, conforme seja uma pequena ou grande empresa, é uma pequena ou maior sociedade, mas acaba por ser também uma família... uma segunda família, alargada, diferente, com regras de convivência diferentes, mas uma família. Criam-se muitas amizades: há interesses comuns que é preciso defender; situações em que há necessidade de ajuda e colaboração mútuas; tempos de entrada e saída... ida... e volta... em que se pode falar ou fazer muitas coisas, conviver... E por mais fortes e recatados que sejamos, há sempre um momento em que deixamos transparecer um pouquinho que seja do que nos anima ou aflige: gostos, desgostos, desejos, fraquezas, infelicidades ou alegrias... e começa de haver uma incontrolável partilha de vida que é necessária e útil, mas só quando orientada com sabedoria e precaução, o que na maior parte dos casos não acontece porque as pessoas não estão precavidas dos prejuízos irremediáveis que daí podem resultar.
Quer queiramos ou não, os nossos amigos e colegas de trabalho têm uma enorme influência em toda a nossa vida, para o bem ou para o mal. E ninguém foge a esta realidade. Mesmo nas pessoas que têm o apanágio de gozar de boa inteligência e primorosa educação a todos os níveis, aparecem com a maior facilidade inevitáves dramas. É que há muitas vivências comuns. As pessoas conhecem-se mutuamente... ou pensam que se conhecem, porque conhecer uma pessoa é muito difícil!... Depois, há a tentação de achar "os outros" e as "outras" melhores, mais atraentes e interessantes... E, quando menos pensam, e sem se darem conta, o erro acontece.
E que fazer? Ter vida sentimental dupla ou assumir a nova relação e deixar tudo para trás?
A meu ver, nestas circunstâncias, surgem duas maneiras distintas de agir e que estão directamente relacionadas com a psicologia genética de cada um, isto é, cada um age de forma diferente, porque é, defacto, diferente. O homem parece ter maior capacidade de se relacionar com mais de uma companheira, pelo menos durante algum tempo; a mulher, não, opta quase sempre só pela última relação por lhe parecer a melhor ou mais conveniente.
No final, para qualquer deles, a realidade da vida é bem outra... Na quase totalidade dos casos, as satisfações sentidas e o entendimento perfeito de quando se encontravam às fugidas, desaparece veloz como o vento quando se decidem a levar uma vida a dois, pois os problemas anteriores tendem a repetir-se... A desilusão é grande. Há quem volte atrás, há quem aguente. Mas, se o homem quiser recuar é quase sempre aceite pela mulher e recomeçam nova vida, o que raramente acontece quando o mau passo é dado pela mulher, pois nesse caso, costuma ser fatal.
Tudo se ajeita mais ou menos pelo melhor quando a descendência não existe, pois cada um assume os seus actos e o sofrimento de todos é menor; mas quando a há... paga por alto preço as desavenças e devaneios dos progenitores. Só quem não vive de perto com esses problemas pode passar indiferente.

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A MULHER NA SOCIEDADE




A entrada da mulher no mercado do trabalho incutiu-lhe a auto-confiança, desenvolveu-lhe a auto-estima e todas as capacidades, enriqueceu-lhe os conhecimentos, conferiu-lhe um estatuto social aceitável, ao lado do homem, com igualdade de direitos e de deveres. Ora isto era tudo o que se pedia na luta pela libertação da mulher; portanto, tudo estava, agora, no caminho certo, poderíamos pensar, e com razão.
Mas, as coisas não são assim tão lineares. Em tudo o que se faz tem prós e contras, e este caso, de forma alguma podia ter sido uma excepção à regra. É que, quando se luta por alterar seja o que for, costuma ver-se antecipadamente ou de imediato todas as benesses que daí possam advir, mas as coisas menos boas ou difíceis de contornar para serem razoáveis ou melhores, ficam sempre para quando se está já no terreno... e com muitas asneiras feitas... pois só com o detectar dessas asneiras podemos tentar arranjar solução para elas, uma vez que, antes... é de todo impossível... por serem de todo desconhecidas e inimagináveis.
Esta maneira de falar parece descabida; no entanto, analisando bem, podemos averiguar as verdade que há nestas afirmações:
A mulher sai para trabalhar ao lado do homem; este, aceita, pois necessita de proventos para o seu lar. Com o aumento do custo de vida e decadência da agricultura de sobrevivência este é um mal necessário. Mas... chega a casa e fica descontrolado com os acontecimentos.
A educação que recebeu não foi adequada à época. A culpa não foi de ninguém, pois, ao tempo, não se previa que tal mudança fosse acontecer. O homem, não estava preparado para ajudar nas tarefas de casa. E o que é pior ainda é que, em grande parte dos casos não o queria fazer, porque os amigos, os próprios pais ou familiares, se se apercebessem de tal, chamavam-nos de maricas, o que magoava muito a quem se considerava superior para trabalhar numa actividade outrora específica da mulher. E, então, havia que sair até ao café, ler o jornal, jogar umas cartitas e beber uns copos... copos reforçados, pois, diga-se de verdade, só de pensar que a mulher estava ainda a trabalhar e ele a descansar... por não saber executar a tarefa, por má vontade, incapacidade ou fosse o que fosse... ela trabalhava... e ele descansava. Éra uma desumanidade masculina a toda a prova.
E depois?
A princípio, tudo foi bem, mas com o tempo, saturou. A mulher queixava-se, ralhava, barafustava, entrava em stress, ia ao médico... Ele, não aguentava a pressão; e, também, não queria dar o braço a torcer. Mas, acabava por ter de ir ao médico também.
A mulher, cansada e amargurada, não lhe dava as atenções a que ele estava habituado... e também não as recebia... Sentia-se mal, e começava a ter pensamentos esquisitos acerca do marido. E o pior é que, na maior parte dos casos, tinha razão. Ele começava a achá-la distante... e chata... E como ainda tinha tempo para as suas saídas e distracções... não conseguia dar valor ao seu cansaço e indisposição. E acabava por ir, então, procurar outra que o atendesse... mais livre... ajeitadinha, despreocupada, pois... quem sabe? Talvez fosse essa a sua única profissão. Mas ele não se ralava, ou fingia não ralar, o dinheiro chegava, a casa que esperasse. E não lhe fazia diferença nenhuma, era mais mulher... menos mulher. E despistava, ou tentava despistar a situação. E, enquanto que em casa a mulher aguentasse todas as torturas, tudo bem; de contrário, trocava-se pela outra... e pronto. Depois, se a outra não servisse... voltava-se para casa e estava feito.
A mulher, ao ver-se trocada, desfazia-se em lágrimas, e até ia atrás dele para não ficar sozinha... pensava nos filhos, na sua reputação...
Ia!... Esta minha descrição já está realmente ultrapassada. Apresentei-a, apenas, para contar todo o desenrolar da história. Isto acontecia no princípio da mudança, quando a mulher estava a iniciar o trabalho extra-lar. Agora, tudo é um tanto diferente, mas ainda muito mais perigoso e muito mais baralhado. Veremos porquê!...

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra