terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A VIDA É SEMPRE BELA!...


Os dias sem “sol” são apanágio de muitas ocasiões na vida. Se alguém afirma nunca ter experimentado estas dolorosas situações, mente; ou então, o que é pior ainda, com toda a certeza, está tão metido ou metida em confusões e tão desfasado ou desfasada da realidade que já não consegue ver nem sentir nada, em si ou nos outros. Verdade seja que o ser humano tem o apanágio de querer esconder tudo o que é menos bom, para mostrar a sua imponência. É por isso que, muitas vezes, estando a viver situações ásperas que quer camuflar, passa-as de ásperas a insuportáveis, facto que não deve, de forma alguma, acontecer. Pode também haver a pretensão de não querer encará-las de frente por fazerem “doer”... mas, não tenhamos ilusões: só assumindo conscientemente essas dificuldades podemos ultrapassá-las e “crescer” .
Temos de reconhecer que todos os acontecimentos, bons ou menos bons, têm uma mensagem positiva, e é dessa forma que terão de ser encarados. É de todo impossível descrever factos comprovativos desta afirmação sem entrar em descrição de situações privadas, o que penso não ser necessário para trazer a lume esta questão.
Como resolução dessas vivências difíceis que nos atormentam não raras vezes, porque não tentarmos assumir esses momentos tirando proveito da sua especificidade e descodificando as mensagens que nos transmitem? Não será uma maneira razoável de sublimar as coisas e de não entrarmos logo em desespero, perdendo a razão ao vociferar contra tudo e contra todos, julgando-nos os mais desamparados e desprotegidos da sorte? E porque não... olharmos para os irmãos que nos rodeiam, muitas vezes em pior situação que a nossa?!... Mas... olhar para os irmãos, como?!... Se nada conhecemos de nada nem de ninguém, torna-se de todo impossível! Então, assim, para muitos, a vida parece um drama infindável que tem que ser levado com o maior sacrifício. E... procuram-se os mais variados meios de resolver toda essa gama de torturas!... No final, já cansados de procurar em vão, acabam por verificar que a resolução está sempre bem no interior de cada um, na aceitação das realidades misturada com muita doação, compreensão e amor.
As coisas ficarão mais simples se sairmos de casa e formos ao encontro de grupos organizados, pois encontraremos pessoas com os mesmos problemas que nós. Haverá partilha de situações e opiniões. Então, juntos, encontraremos a melhor forma de encarar a vida ou, pelo menos, ficaremos com a sensação de não nos sentirmos tão sós. Nunca, em época alguma, a integração em grupos foi tão necessária.
Actualmente, a vida humana está a atravessar uma fase muito difícil. As pessoas sentem-se bem informadas e ligadas ao exterior, mas drasticamente isoladas.
Dos jornais, normalmente, apenas se lêem os grandes títulos... que não carecem de resposta. O pequeno écran fala... fala... e só ouvimos. E, se nos massacra com notícias menos agradáveis ou programas com problemas de fundo, nada melhor do que mudar de canal e voltarmo-nos para a bisbilhotice das “novelas da vida real “, bem mais lúdicas porque sem nada de responsabilidade. Assim sendo, a ligação e informação chegam-nos de fora para dentro, e muitas vezes adulteradas pelo exagero de apresentar a notícia da forma mais drástica... para criarem um certo impacto e subirem as audiências.
Afinal... que tem tudo isto a ver com os nossos inúmeros problemas pessoais? Pouco ou nada. Em que nos podemos identificar com o que ouvimos e vemos? Pouco ou nada. Que proveito podemos tirar para a sua resolução? Pouco ou nada. E continuamos a viver como únicos... num mundo cheio de problemas idênticos aos nossos, mas que desconhecemos porque não queremos falar deles. É bem mais fácil prendermo-nos à televisão, ao aconchego do lar ou ao conforto da caminha do que partirmos à procura de troca de experiências e saberes, mas não nos ajuda em nada. Não fiquemos sós, num mundo sem diálogo. Procuremos grupos devidamente organizados e prontos a dar-nos a resposta adequada a cada situação, se estivermos de coração aberto nessas pequenas comunidades, verdadeiras famílias alargadas, onde nos sentiremos muito bem.
Sejamos optimistas! A vida é sempre bela! Nós... é que somos difíceis... complicamos tudo... e fazemos da vida aquilo que somos!...

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O “HOMEM”, NASCE A APRENDER... E MORRE SEM NADA SABER!


Aprendi este provérbio popular bem cedo, era ainda muito criança. E foi do seu conteúdo que tirei toda a orientação da minha forma de estar na vida.
Primeiro, escutava atentamente todas os conselhos de meus pais, tios, avós e alguns vizinhos. Catequese Paroquial, nunca tive. Foram a minha mãe e minha avó materna que me ensinaram tudo o que sabiam nesta matéria, e os responsáveis pela Igreja deram-lhes crédito total. A entrada na escola, aos sete anos, alargou bastante o leque de colheita de aprendizagens. Tudo o que via e ouvia fixava facilmente. Como tinha algum raciocínio e boa memória, era uma menina bem conceituada, e o único problema do docente era manter-me sem fazer “as macaquices” que uma criança mimada faz. Sim, digo mimada porque, nos três anos que frequentei a escola, fui sempre menina mimada. Depois, o trabalho foi muito, mas nunca me queixei dele. A única maneira de aprender mais alguma coisa era devorar livros. Depressa dei cabo de todos os que havia para a minha idade na pequena Biblioteca Paroquial, a única a que tinha acesso. Comecei a fazer leituras adiantadas na idade, tinha de me manter activa. O aparecimento de programas radiofónicos levaram-me ao gosto pela música, programas de aprendizagem, havia poucos. A televisão apareceu já era bem crescida, e este aparelho, agora tão vulgarizado, era pertença de poucos, pois era necessário recursos económicos que não existiam em muitas famílias. E, diga-se de verdade, tinha uma programação muito diferente da de agora.
Podem achar descabida esta minha observação, mas parece-me pertinente, pois deve ser a cópia de vida de muitas pessoas da “minha” e de “mais” idade, e que pode servir de apoio pedagógico aos mais jovens, no sentido de aprenderem a saber procurar o melhor no meio de tanta “confusão”.
Actualmente, entra-nos tudo pela porta dentro, naquele aparelhozinho mágico, mas que acaba por muito pouco dizer a muitos. A passos bem largos, houve uma alteração desmedida nos processos de informação, e não temos sequer a ideia de onde isto irá parar. E para tirar proveito do que nos aparece pela frente, além de termos que ter olhos para ver e ouvidos para escutar, é preciso muito mais: o discernimento exacto do que mais nos interessa, e a força de vontade de o extrair de tudo o que está ao nosso alcance. Seleccionar a procura no meio de tanta oferta não é tarefa fácil, mas é possível, urgente e necessária. Pode parecer bem melhor do que quando cresci, e é, de verdade, pois nessa altura os meios eram únicos. Agora, não! Cada um pode escolher coisas diferentes, segundo os seus gostos e opiniões. Daí, tanta divergência de atitudes e comportamentos.
É frequente ouvir-se dizer que tudo está muito mau. Será que é tão verdade assim? Será que as pessoas, na sua maior parte, são assim tão más?... ou será que só são postos em evidência nos ecrãs das nossas televisões tudo o que é mau?
É um caso para pensar muito a sério, agudizar o interesse em prestar toda a atenção a quanto nos rodeia e de algum modo possa valorizar a aprendizagem global da vida. Então esforcemo-nos por prestar atenção a reportagens, debates, discursos de toda a ordem, descrição de comportamentos, observação dos mais variados programas informativos mas que nos levantem os olhos “para o alto” e nos levem a ver o lado bom das coisas que existem.
Da análise profunda do comportamento de muita gente que conheço, acabei por concluir que há, realmente, muitas... muitas pessoas boas no mundo!... E há muita coisa boa, mesmo nas pessoas consideradas más. Porque não procuramos evidenciar o lado bom dos indivíduos?
Pela experiência profissional e vivencial que tenho, é a melhor forma de os ajudar a recompor-se.
Desculpem! Talvez tenha sido chata por querer partilhar convosco as minhas preocupações, mas penso que isto poderá ajudar um pouco a reflectir sobre as coisas de que a vida é feita, e a tentar escolher comportamentos adequados para extrair, de qualquer vida, o evidenciar das qualidades que lhe darão o maior valor, pois só assim os poderemos ajudar convenientemente.
Ao lerem as minhas palavras, poderão chamar-me louca. Podem ter razão e actuações mais convincentes. Quanto a mim, assumo a minha loucura, e procurarei ver claramente se, realmente, tenho ou não razão, pois estou aberta a uma aprendizagem permanente e convicta no dizer de alguém que afirma: “O que eu sei... é uma gota de água! O que eu não sei... é um Oceano!”
É que “o Homem, nasce a aprender... e morre sem nada saber”!

Hermínia Nadais
Publicado no Notícias de Cambra