terça-feira, 28 de abril de 2009

RECOMEÇAR... EM LIBERDADE!


Finalmente, chegou a hora de recomeçar! Parece que foi ontem, e já lá vão quatro longos meses sem o nosso jornal.
Como na maior parte das vezes em que manuseio as teclas sem nada manuscrito para registar, não sei por onde começar.
Dada a passagem do 25 de Abril, um dos Feriados Nacionais deste pequeno “Jardim à beira mar plantado”, apetece falar de liberdade, responsabilidade, lealdade, solidariedade, harmonia, compreensão, bondade, tranquilidade, partilha, amor, ternura, carinho, verdade, trabalho, pão, humanidade, paz... e prosperidade!...
Depois da Revolução dos Cravos, já muito tinta foi gasta e muita água dos rios se fez mar!... Tanta coisa mudou!... Os saudosistas, dizem que para pior; os amantes da verdade e da assertividade acham que entre espinhos ainda há rosas, o urgente é predispor-se a descobrir o lugar onde elas se escondem e como as utilizar na nossa vida.
O péssimo hábito de destacarmos nos acontecimentos os maus comportamentos, as misérias, as doenças, os acidentes e as crises... faz-nos esquecer que “o sonho comanda a vida” e que temos de sonhar com uma vida boa para conseguirmos ter a vida que sonhamos.
Uma verdade a não esquecer é que são as dificuldades que mais nos fazem crescer pela procura ousada de encontrar o caminho mais adequado para transformar as (des)graças em coisas engraçadas, pois é a melhor forma de sobreviver às intempéries.
A propósito, tenho uma amiga muito especial que tem um enormíssimo carinho por gatos. Trata e aconchega o melhor que pode toda a espécie de gatos abandonados, desde os velhinhos, estropiados e doentes aos recém-nascidos abandonados... mas ao encontrar um cãozinho pequenino... abandonado... também o tratou o melhor que pôde!
Questionada sobre este seu comportamento, respondeu-me com toda a naturalidade que quanto mais profundamente conhece os humanos mais gosta dos animais.
Não contestei, mas também não compreendi o bastante, e comecei a prestar mais atenção às várias mensagens que vagueiam por aí cujos protagonistas são animais... até que uma denominada de “Anjos de Quatro Patas” me elucidou por completo. Resumidamente, diz que “um cão é um anjo de quatro patas que vem ao mundo para ensinar a amar... pois ama incondicionalmente... acarinha, protege e é fiel... não se afasta vinte e quatro horas por dia... quando é repelido volta cabisbaixo a pedir desculpas (ainda que não tenha errado) lambendo as mãos a pedir perdão, aflito... e tudo isto sem pedir nada em troca a não ser o afago para as suas carências mais prementes”. E termina: “Que bom seria que todos os homens pudessem ver a humanidade perfeita de um cão!”
E esta?!...
Ainda bem que não há regras sem excepções... pois se assim não fosse, a bem da verdade, muito boa gente teria vergonha de ser um ser humano.

A publicar no “Notícias de Cambra”
Hermínia Nadais

segunda-feira, 20 de abril de 2009

NÃO RECUEM... NÃO DEIXEM CORRER... O PERIGO ESPREITA!

Estou sem jeito para o que quer que seja!... Não vou debruçar-me sobre nada que me faça pensar, apenas repartir convosco um pouco do que me vai no coração.
Durante a Quaresma, em que tentávamos tirar de nós tudo o que fosse escuridão e atropelos, os tempos estavam mais cinzentos. Agora, com menos chuvas e alguns raios de Sol brilhante a inundar a Terra de refulgente claridade, parecem indicar que as forças da Natureza estão sensibilizadas em acompanhar o nosso interior, de onde reflecte ainda a Luz resplendorosa que a Festa da Páscoa ofertou.
Isto pode parecer descabido para quem não entrou fundo nas vivências Quaresmais com todas as suas bençãos nem viveu plenamente as alegrias da Ressurreição. Foram momentos inesquecíveis. A quem os partilhou, tenho a certeza que marcaram indelevelmente. Sinto grande satisfação em os recordar. Nada sou! Nada critico! Somente vou lembrar uma chamada de atenção que me fizeram um dia... e resultou! ‘Cada um de nós é como é; vive o melhor que pode, sabe ou quer; é responsável pela sua própria vida. Falamos tanto em liberdade!... Parece absurdo, mas... temos a “desgraça” de nascermos livres e de podermos escolher o nosso caminho, quando temos opção de escolha, claro’.
Isto vem a propósito do comportamento de cada um de nós, nos tempos que correm. Na nossa terra, temos tudo ao nosso alcance! É só: procurar para participar... participar para querer... querer para sentir... sentir para crer... crer para ser feliz “vivendo a plenitude do Amor”!
Mas, há coisas que não se compreendem! Quase todos somos Católicos, porque Baptizados segundo o catolicismo; há a preocupação de fazer pomposos casamentos e baptizados; a grande maioria dos pais acompanha bem a educação religiosa dos filhos, pelo menos até à Profissão Solene de Fé; os funerais são acompanhadas pelos sacerdotes; pedem a celebração de missas pelos defuntos; há um sem número de movimentos orientados pela Igreja Católica, com alguns leigos a trabalhar neles... há leigos participantes nas celebrações litúrgicas... e, mesmo assim, muitas vezes as coisas não correm da melhor forma.
Se todos somos seres humanos sujeitos a errar, e nos foi ensinado pelo “Mestre” que devemos perdoar para sermos perdoados, é caso para perguntar: - Porque temos a língua tão afiada e os olhos tão abertos para estarmos sempre dispostos a ver, criticar, agredir tantos os “outros”? Outros... que são nossos irmãos em Cristo?!... Porque nos dizemos Católicos... se quase desconhecemos a Bíblia Sagrada e só procuramos a Mãe Igreja para os casamentos, comunhões, baptizados e funerais? É que, a viver assim, andamos para aí a brincar às escondidas sem saber o que queremos, como vivemos ou porque vivemos. Acabámos por ser uns mentirosos, afirmando uma coisa e fazendo outra, por não vivermos de acordo com a afirmação feita; não somos quentes nem frios, somos pessoas “mornas”, que só servimos para deitar fora. Se queremos ser Cristãos Católicos, sejamo-lo de alma e coração. O Baptismo não é uma brincadeira para dar nas vistas, é uma união a Jesus Cristo, união que se quer viva pelo Amor, pela Oração, pela prática dos Sacramentos, pela partilha, pelo doação e serviço aos que necessitarem. Que Deus nos ajude a encontrarmo-nos assim, uns com os outros e com Ele, o mais rápido possível. E, aos que já não se envergonham de se assumirem como Católicos no pleno sentido da palavra, com as qualidades e defeitos inerentes a qualquer ser humano, que lutam por uma mais perfeita identificação com o Senhor, que “não recuem”... por nada nem por ninguém! A Igreja Católica, mais do que nunca, para crescer, precisa de testemunhos vivos! Estamos numa época em que ou se é... ou se não é. “Não deixem correr” o tempo em vão, porque “o perigo espreita” a cada passo, podendo levar-nos à tentação de nos deixarmos seduzir mais facilmente pelo mal, como acontece a quaisquer outros. Que as nossas atitudes sejam sempre coerentes e capazes de mostrar claramente a nossa alegria e felicidade de vida, a fim de levar os que nos cercam ao desejo veemente de experimentar viver assim também.
Neste tempo de Páscoa que decorre, unidos no mais puro Amor a Deus e aos irmãos, vivamos de mãos bem apertadas nas mãos chagadas de Jesus, para ficarmos mais fortes e podermos quebrar, de uma vez por todas, as cadeias do amor próprio, da incompreenHermínia Nadais

Publicada no Notícias de Cambra
são e do egoísmo.

domingo, 12 de abril de 2009

“AS MELHORES COISAS DA VIDA!”


A vida é cheia de surpresas! E, por vezes, é um pouco parecida com o tempo: tanto está com sol radiante e estrelas reluzentes, como, de repente, as nuvens lhe escurecem o dia e lhe escondem a beleza da noite. No entanto, com sol claro ou nuvens escuras, o dia, é sempre o dia. Nele, a neve e a geada matam insectos e vermes daninhos; as grandes nuvens formam trovoadas ou somente deixam cair as suas águas; o vento é bem-vindo quando se apresenta como brisa suave e é mal aceite quando causa distúrbios nas suas correrias mais fortes, mas vai ajudando à conservação e reprodução de várias espécies de plantas; o Sol, aquece e dá luz ao dia, e a Lua, é a candeia da noite... É assim, no ciclo da vida do tempo. E, bem vistas as coisas, são as intempéries do mau tempo que nos podem levar a apreciar a maravilha do tempo bom. É a água dos dias feios e cinzentos que dá ao Sol a ocasião de utilizar o seu brilho incandescente para dar vida e crescimento às plantas e animais, alegrando-lhes e amenizando-lhes a existência.
Como é bela a natureza! Como é harmoniosa a ordem natural das coisas, que, no silêncio das suas acções, em tudo obedece às leis do Criador e O glorifica. Mas... como reage o ser humano, no meio de tudo isto?
Analisando fria e minuciosamente a atitude de cada homem face aos seus iguais e a todos os outros seres, é fácil concluir que, sendo a mais perfeita de todas as criaturas e que deveria ser a mais livre e responsável, tornou-se, realmente, num escravo da sua liberdade, o mais rebelde e anarquista de todos os seres, o que mais foge à razão para que foi criado.
Para que esta afirmação não leve os que se sentem mais bem comportados a fazerem mau juízo, aprofundemos um pouco o desenvolvimento do homem desde a sua génese.
Dotado de inteligência racional, superior a todos os animais, instituído dominador e senhor de toda a criação, é o único ser que, logo após o nascimento, não pode prescindir dos cuidados maternos ou de um seu substituto por incapacidade absoluta de cuidar de si; enquanto entre animais da mesma espécie, que são instintivos, em locais diferentes, se encontram comportamentos muito idênticos, as capacidades inatas do ser humano de pouco lhe poderão servir se o seu meio envolvente não for favorável a um desabrochar sereno da aprendizagem, pois o desenvolvimento gradual do homem tem mais a ver com o meio ambiente onde está inserido do que com os seus dotes congénitos. Dois homens supostamente com as mesmas aptidões, um nascido na Selva Amazónica outro na cidade de Lisboa, forçosamente que cada um será bem diferente do outro. Se superior ou inferior, não nos cabe fazer qualquer juízo, pois nada temos que nos possa dizer a tal respeito o que quer que seja.
A superioridade do homem perante o mundo que o rodeia, é nitidamente visível. Mas, a tentação de cada homem se julgar superior a outro homem, é muito pessoal, e, por tal, de difícil observação concreta, nunca se podendo afirmar com segurança que haja supremacia de alguém sobre outrem em qualquer caso pontual. Para compreender tudo isto, teremos que questionar-nos sobre onde estará, de facto, a superioridade do homem.
Para responder cabalmente a esta questão, teremos que admitir que as duas facetas em que se cimenta a constituição do homem, a corporal e a espiritual, têm interesses antagónicos entre si e complicam toda a percepção do conceito de superioridade. Se por o lado exclusivamente humano perdura a lei do mais forte, se tivermos em atenção a espiritualidade humana o homem será superior na medida em que se colocar ao serviço de todos os seus irmãos principalmente os mais desfavorecidos. Desta forma, a superioridade do homem não estará na sua força, prepotência ou arrogância, mas na sua paciência, doação, carinho, simplicidade, humildade, compreensão, atenção, coerência... não se medirá pela grandiosidade dos actos praticados, mas pelo amor com que se praticarem, valorizando, acima de tudo, as coisas mais pequeninas; não estará na crítica destrutiva e malfazeja, nos argumentos esquivos ou na procura de galanteios, mas no reconhecimento da fragilidade humana, na capacidade de aceitar o outro tal como ele é, na ajuda a quem precisa, no assumir das fraquezas próprias ou alheias, na coragem e força de conseguir sofrer em silêncio, perdoar e amar.
Todos fomos criados para conseguir grandes feitos através das nossas pequenas acções. Dependendo do como encaramos os acontecimentos, na quase generalidade dos casos, o que parece grande e bom não passa de uma mera aparência. Se para muitos o ser bom e o ser grande é calcar para crescer, não olhando a meios para atingir fins, para outros, o crescer mais e mais acaba por ser fruto de muitas pisadas. Custa muito, claro que custa, mas é o que dá mais felicidade, e felicidade duradoira. Procuremos não pisar nem ser pisados. Não corramos atrás de aparências fáceis nem nos deixemos iludir. Correndo no tempo pela estrada da vida, sigamos em frente, deixando para trás a cegueira da nossa ignorância e o vazio da nossa existência, certos de que buscamos, assim, as melhores coisas da vida.

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra

terça-feira, 7 de abril de 2009

SERÁ TEMPO DE TRISTEZA! NÃO, DE FORMA NENHUMA.


Diz-se que o passado é a base do futuro, mas acho que nem sempre as recordações das vivências de outrora poderão fazer eco na preparação de um futuro com sucesso, a não ser que o presente, elo de ligação entre esses dois pólos, seja muito bem moldado.
Era muito criança, mas as marcas dos sentimentos vividos na época quaresmal ficaram-me indelevelmente gravadas na memória. Além da música que não se podia ouvir e das canções abafadas na garganta, aos domingos, as pessoas deslocavam-se massivamente às Igrejas para ouvir os “longos” sermões, que seriam tanto melhores quantas mais fossem as pessoas a suspirar de dor com derrame de abundantes lágrimas ao ouvir as palavras proferidas pelo orador que, com voz forte e retumbante, intencionalmente levantava sentimentos de pavorosa culpa nos ouvintes, face aos sofrimentos do Senhor. E o seguir os passos da Sua via-sacra, entre cânticos de uma tão grande tristeza, arrasava quem quer que fosse. As confissões quaresmais, vulgarmente chamadas de podadas, eram vistas como uma obrigação de, como obediência a Deus e com medo dos Seus castigos, “pespejar” o saco das culpas frente a um dos Seus padres, homem entre os homens e como os outros homens, arrepiando o coração de muitos.
Porque será que está tudo tão mudado? Será que a Quaresma perdeu o sentido?
Não! De forma alguma! Acho que as vivências de uma verdadeira Quaresma nunca tiveram tanto sentido como agora. Oxalá que a ligação entre o que ela foi, o que é,e o que virá a ser, seja bem construída.
O rodar dos anos mudou mentalidades e levou as pessoas a encontrar outras ocupações e a desertificar as Igrejas, mesmo na época da Quaresma, é um facto. Mas, a consideração e reconhecimento dos direitos da criança e de todo o cidadão, foi alterando, progressivamente, o modo de viver. O conduzir à obediência pelo tradicional medo do castigo foi sendo substituído pelo respeito, carinho e amor que deve haver entre o educador e o educando. A compreensão mútua entre os homens, tendo em conta as responsabilidades inerentes às condições sócio-económicas de cada um vão sendo promovidas em cada dia. Há um reconhecimento cada vez mais profundo de que o verdadeiro valor da pessoa humana se encontra no desenvolvimento global e harmonioso das potencialidades inatas e adquiridas de cada um, da forma como as aproveita para a sua realização pessoal e de como as coloca ao serviço da comunidade. Ora, estes valores tendem a ser evidenciados em todos os homens em geral, independentemente da sua proveniência ou religião.
As vivências quaresmais têm por finalidade desenvolver nos cristãos todos estes valores, numa caminhada de fé enraizada nos passos de Cristo, a verdadeira perfeição e a mais completa das doações, pois colocou-se tão inteiramente ao serviço da comunidade que se deixou morrer por ela. A Quaresma, para os cristãos, é um caminhar mais ao encontro de Deus vendo-O e procurando-O em cada pessoa que os rodeia, seja agradável ou desagradável, mas principalmente nos que mais sofrem a fome, o frio, a nudez, a tristeza, a doença, o abandono, a falta de afecto e ternura... É, à imitação do Mestre, um aceitar com amor, carinho, e sem reclamações, tudo quanto a vida trouxer.
É difícil?! É, Ele sabe. Mas, é possível. E a quem o desejar, Ele está presente para transformar “essa” a que chamamos “nossa cruz”, numa verdadeira “árvore de vida”.
Que bom que houvesse a benesse de todos os cristãos (homens) assim entenderem!...

Hermínia Nadais
Publicada no “Notícias de Cambra”

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A PRIMAVERA DA VIDA... NA PRIMAVERA DO TEMPO!


Como é belo o ciclo da vida que, incansavelmente, renova o mundo em todas as suas vertentes!
Nada mais gratificante para uma pessoa que vai gastando a vida do que encontrar no seu caminho um bom bando de jovens, pois são os rostos que enfrentarão as belezas ou agruras do mundo de amanhã, como nós tivemos de enfrentar os dias que já passamos e vamos passando as horas em que vivemos.
Todos os anos, depois de algum tempo de adormecimento hibernal, o ressurgir da vida por entre as nuas varas das florestas e bosques, nas bermas das estradas e caminhos, nas longas planícies dos campos e nos pequenos canteiros dos jardins, adorna a Natureza com as mais exuberantes vestes multicores enchendo-a do mais inebriante perfume. O canto dos passarinhos, fundido com o zumbido dos insectos, fornecem aos transeuntes as mais inebriantes melodias.
Então diz-se que são estas características raras que fazem o adorno ímpar da paisagem que nos circunda, tornando este pequeno canto do planeta o mais apetecido e desejado jardim da Europa, plantado amorosamente à beira mar.
Pensando um pouco na Primavera do tempo, há várias razões para considerar muito importante esta época do ano. Primeiro, porque é por demais agradável aos sentidos e penetrante até às mais recônditas profundezas do “ser” do coração do homem, com possibilidades de o elevar até às alturas; depois, porque é determinante para a produção agrícola dos que vivem do trabalho campestre, pois dependerá, naturalmente, no seu “quase” todo, das condições favoráveis ou desfavoráveis da Primavera.
Se no tempo, a vida da natureza, que renasce na Primavera, precisa de condições favoráveis para se desfazer, nas ocasiões oportunas, em abundantes flores e frutos, a vida do homem, que toma a sua forma mais decisiva durante a juventude, precisa, nessa primavera da vida, de ser acariciada com todas as oportunidades de desenvolvimento a fim de poder enveredar por um caminho favorável à produção dos apetecidos frutos do amor, carinho, serenidade, dedicação, ternura, honestidade, trabalho, competência...
É sabido que, na Natureza, as sementes não produzem fruto fora da terra preparada. E, como não se podem colher frutos de sementes caídas nas pedras, também não se podem colher uvas em espinheiros.
Transpondo para a vida humana, quantos disparates encontramos!...
Sabemos muito bem o que queremos nós que sejam os homens, mas... Quem somos nós, entre os homens? Porque somos assim? Que nos mostraram, na primavera da nossa vida? Que exemplos nos deram? Que figuras nos apresentaram para possível ídolo ou modelo de imitação? Ao olharmos para nós mesmos, talvez tenhamos necessidade de pensar um pouco em tudo isto, para não nos sentirmos tão culpados das irreverências cometidas.
Agora, quanto ao que queremos do nosso futuro, que virá a expressar-se na vida dos que nos precedem no tempo, os nossos jovens, que alegres ou tristes, interessados ou distraídos, pacientes ou agastados, são o espelho do nosso amanhã. Que damos nós às primaveras dessas vidas que vemos crescer? Que compreensão? Que ajuda? Que exemplo? Que amor e doação?... Sim, que amor e doação, acima de tudo?!...
Críticas, não! Não levam a lado nenhum. E para os criticarmos, teremos que nos criticarmos a nós próprios, e quantos de nós, talvez um pouco, todos nós, fomos e somos vítimas de educações deficiente, de valores mal apresentados e explorados... porque os nossos progenitores também assim foram, e, ainda... os progenitores dos nossos progenitores.
O mundo é assim, uma constante mudança. Aceitemo-la com compreensão. Sejamos francos e abertos, compreensivos e construtores de um mundo novo, seja qual for a nossa idade ou condição.

Hermínia Nadais
Publicada no “Notícias de Cambra”