quarta-feira, 30 de junho de 2010

FÁTIMA… ALTAR DO MUNDO!

Faz já algum tempo que Luciano Guerra, antigo Reitor do Santuário, numa entrevista a uma das nossas televisões, dizia que em Fátima há lugar para todas as pessoas, de todas as crenças, idades, raças, cores, estratos e condições sociais. E com a calma e porte que lhe são peculiares, como no desfiar das contas de um rosário, explicou pormenorizada e convictamente a razão das suas palavras com verdades irrevogáveis e convincentes.
A vida, esse dom admirável que nos foi dado e tem a espiritualidade como sua parte integrante, é tão abrangente, complexa e com tanto de transcendente que faz de Fátima um incomparável ponto de encontro para inúmeras e diversificadas pessoas.
Como católica assumida, não me ocorre qualquer alusão aos acontecimentos de Fátima antes do Anjo e Nossa Senhora lá terem aparecido e contactado com as três crianças. Os católicos convictos crêem na presença de Deus na vida pessoal e social dos indivíduos. Crêem no Deus Amor e Pai misericordioso paciente e compassivo que ama sem medida a todos e a cada um, e aceita cada qual como cada qual é, sem castigar ninguém. Tentam reconhecer que as leis irreversíveis da natureza criada por Deus são por Ele respeitadas, pois se o não fossem, Deus estaria contra Si próprio, o que nunca se compreenderia. Reconhecem o bem e o mal como duas forças antagónicas presentes no ser humano, acrescidas de uma espécie de censura que faz sentir felicidade com a prática do bem e frustração com a prática do mal, pelo qual o remorso é o maior dos castigos. A inquietação sofrida leva as pessoas a sentirem-se insatisfeitas e revoltadas consigo mesmas, chegando muitas vezes a castigarem-se a si próprias das mais diversas formas.
Os católicos que o são de verdade e vida, reconhecem os seus inumeráveis desvarios, mas tentam a todo o custo confiar totalmente em Deus por, ainda assim, se saberem muito amados e queridos por ELE. E por amor, evitam a todo o custo magoar ESSE Deus que os ama, bem assim como ao próximo, a “transparência” de Deus que partilha com eles a vida.
A confiança que depositam em Deus despreocupa-os em relação a qualquer acontecimento futuro. Conscientes de que cada crença tem seu jeito de ver e viver a mesma realidade, tentam, também, aceitar e conviver com outras formas de viver a espiritualidade nos diversos caminhos que os homens vão percorrendo para se puderem encontrar cada vez mais e melhor consigo mesmos, com Deus e com a sociedade.
“O Milagre do Sol” do dia 13 de Outubro de 1917, lembrado na passada edição e que todos mais ou menos conhecemos, não está, realmente, no verdadeiro rodopiar nem no abaixamento do sol, mas no facto de que as pessoas que olharam o Sol naquele momento o viram todas da mesma maneira, como demonstra, inclusive, as fotos tiradas na ocasião. O Sol não pode ter saído do seu lugar, por isso o milagre foi, sem sombra alguma para dúvidas, a alucinação colectiva de tantos milhares de pessoas. Esse foi um verdadeiro e enormíssimo milagre da MÃE de Deus, mãe de Jesus e nossa mãe!
O “tende fé e sede bons” do artigo já referenciado, está totalmente explícito nos pedidos formulados por Nossa Senhora aos pastorinhos.
Todos, sem excepção, devíamos esforçar-nos por ter fé e ser bons, descobrindo, interiorizando e vivendo profundamente de acordo com o que acreditamos, sem criticar nada nem ninguém. Os caminhos que levam a Deus são inúmeros. É preciso olharmo-nos profundamente para escolhermos trilhar o que nos parecer melhor… sendo quentes… ou então frios… porque os mornos serão sempre abomináveis!

Hermínia Nadais
http://textosdaescoladavida.blogspot.com

Publicadono "Notícias de Cambra"

domingo, 27 de junho de 2010

Loucuras da vida


O mês dos Santos Populares, que traz saudades para os mais velhos e aventuras para os mais novos, para mim trouxe o desejo de partilhar uma das minhas loucuras… que pode parecer estupidez… mas é uma tentativa de evitar que outros façam o que eu fiz.
Impressionam-me por demais as pessoas queixinhas, sempre muito doentinhas e a caminhar para os médicos… e decidi para mim mesma que eu nunca seria assim.
Gosto imenso e tenho um carinho muito especial pelo meu médico e guardo bem no fundo do coração o quanto me tem ajudado e os cuidados que tem tido comigo, do que lhe estou imensamente grata, mas não gosto nada de andar atrás dele!
Faz tempo que vinha sentindo as minhas pernas muito esquisitas… algumas vezes inchadas… e cada vez mais escuras e endurecidas.
Os meus familiares e alguns amigos sugeriam-me que fosse ao médico, mas eu resistia dizendo que estava bem… e para mim estava, pois o mal estar que eu sentia ia-o atribuindo à idade que já vai sendo alguma… e ia-me deixando andar, de calças e saias compridas para ninguém me chatear por causa das pernas.
Num dia em que vesti saia mais curta, uma minha sobrinha não gostou nada das pernas e desinquietou a mãe e a tia que me encheram a cabeça tanto que eu acabei por mostrá-las a uma amiga enfermeira a quem prometi ir logo ao médico… e muito contrariada, mas lá fui.
Com a maior das calmas, o médico disse-me que eu estava muito mal… e foi-me alertando para o risco que corria. Receitou-me uns medicamentos… e senti de imediato melhoras consideráveis, que tive de lhe transmitir.
Depois de fazer os exames requeridos voltei lá a mostrá-los e a dizer-lhe muito firmemente: - Senhor Doutor, não há mortes repentinas, pois não? Eu andava a morrer e não sabia? Mediante as melhoras é que eu vejo como andava, Senhor Doutor!
Ao que ele, muito sério, respondeu: - Claro que há mortes repentinas, minha senhora… mas só nos acidentes, sabe… porque fora de acidentes… há pessoas que se deixam andar… assim… e são colhidas repentinamente pela morte.
Mediante o que observou atentamente, receitou ainda mais dois tipos de medicamentos… e eu continuo a sentir-me cada vez melhor!
Ora, com tudo isto… ser queixinhas, não devemos ser… mas descuidados ou descuidadas… também não!
Só dá valor à saúde quem a perde… e tem a ventura de a recuperar. É muito bom ser saudável! Cuidar da saúde, é um dos nossos maiores deveres, deveres que os médicos nos ajudarão a cumprir! O sistema de saúde, isso é uma outra coisa. Há quem diga que está muito bom… mas não sei se estará tanto assim! Que temos muito bons médicos, enfermeiros, especialistas, farmacêuticos… lá isso temos, bem-haja!
Que eles nos protejam, e que Deus os ajude, e a nós também!

Hermínia Nadais
Publicada no "Notícias de Cambra"

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Diz-me… com quem andas…


“Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és!”
Esta frase era repetida inúmeras vezes pelos meus pais, tios e avós, de boa memória, principalmente na minha mocidade, quando eu mostrava vontade de acompanhar com alguém que não fosse de sua inteira confiança.
Fui interiorizando o que ouvia e fugindo, com as mais astuciosas desculpas, das pessoas que eles desaprovavam, atitudes que me marcaram de tal forma que ainda hoje, quando me surge uma nova amizade, esta frase, como por encanto, me aflora de imediato à mente e acaba por me desviar de muitas confusões.
A frase continua tão verdadeira no hoje como o foi no ontem. Na idade do crescimento e seguimento de ídolos em que é natural as pessoas deixarem-se arrastar facilmente, urge atender aos valores reais do grupo em que estivermos inseridos, pois na idade madura, uma vez adquirido um conhecimento capaz, um querer constante e uma vontade firme, torna-se mais difícil desviarem-nos da meta que tivermos definido.
Cada pessoa é senhora de si e deve ter a liberdade de escolher e enveredar pelo caminho que julgue mais conveniente… mas sem se isolar das demais, pois o isolamento não faz bem a ninguém.
A vida em grupo faz parte do nosso “ser” humanos que são “seres sociais” por excelência.
Somos parte integrante dos agrupamentos naturais em que nos movimentamos: família, lugar, freguesia, concelho, país; e formamos grupos de pessoas no ambiente de trabalho, de amizades, de aprendizagens, de distracções, de interesses socioculturais; somos grupo de… grupo com… grupo para…
Juntamo-nos a um qualquer grupo de pessoas pelos valores, interesses e objectivos que nos apresenta, e desse modo, o comportamento do grupo continuará a definir-nos. Numa comunhão recíproca, devemos fazer tudo para que o grupo seja bom e as pessoas responsáveis, amigas, fortes e coesas.
É no pequeno grupo que teremos a coragem e o à vontade para partilhar vida, haveres e opiniões, e para trocar a crítica pela correcção fraterna, condição indispensável para que todos os membros do grupo possam crescer, mediante as qualidades inerentes a cada pessoa e cada pessoa dentro das suas próprias possibilidades.
Os adultos maduros e responsáveis só poderão deixar-se orientar pelo grupo se o grupo onde se quiserem inserir, livremente, na corresponsabilidade e verdade, lhe oferecer maior possibilidade de crescimento.
Viver em grupo tem regras que têm de ser escrupulosamente cumpridas. Não adianta falar mal de nada nem de ninguém! É urgente, sim, olharmo-nos tal qual somos de modo a averiguar se estamos ou não a proceder da melhor forma dentro dos nossos grupos, porque os actos isolados serão sempre provenientes de vivências de grupo… e por sua vez, as vivências de grupo expressar-se-ão sempre nos pequenos actos isolados de cada um dos seus membros.
Então, sejamos muito cautelosos tanto dentro dos nossos grupos naturais como na escolha acertada dos grupos onde nos vamos inserir, pois o “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, muito embora não tenha o mesmo peso na adolescência ou idade adulta, pesará sempre muito no nosso comportamento, pois o exemplo arrasta.

Hermínia Nadais
publicada no "Notícias de Cambra"

terça-feira, 1 de junho de 2010

Fátima, factos e reflexões



“Porto, 11 de Maio de 1917 Srs. Redactores:
Foi participado pelos Espíritos a diversos grupos espíritas, que no dia 13 do corrente há-de dar-se um facto, a respeito da guerra, que impressionará fortemente toda a gente.
Tenho a honra de me subscrever Espírita e dedicado propagandista da Verdade. ANTÓNIO.”
Esta notícia foi publicada em “O Primeiro de Janeiro” e uma outra, de teor semelhante, foi-o em “O Jornal do Comércio”, de Lisboa e entretanto desaparecido, em data também anterior ao acontecimento.
Tal como os jornais, também as comunicações psicografadas podem ser consultadas, tendo uma delas a particularidade de ter sido escrita da direita para a esquerda. Nesta, datada de 7 de Março, pode ler-se: “A data de 13 de Maio será de grande alegria para os bons espíritas de todo o mundo. Tende fé e sede bons.”
Portanto: os acontecimentos de 1917, em Fátima, são fenómenos mediúnicos já devidamente estudados e catalogados e pertença da humanidade.


Vidência e audiência
A mediunidade é uma faculdade orgânica comum a todos, variando apenas o grau de ostensividade. A vidência e a audiência são dois dos aspectos da mediunidade que, dada a quantidade com que se manifestam, sobretudo a vidência, nada têm de extraordinário. Em tese, todos os que estamos no corpo podemos ver e ouvir os espíritos e em tese também todos os espíritos podem ser vistos e ouvidos, embora saibamos que tal não acontece devido às díspares frequências vibratórias. Os estudos já efectuados sobre esta faculdade, notadamente os estudos sobre a pineal, dão validade científica a esta tese.

O “milagre” do Sol
Não oferecendo qualquer dúvida de que o movimento regular do Sol não é visto e de que, em absoluto, não podia ter tido aquele movimento irregular e estarmos aqui para o contar, outra explicação terá de haver. O conhecimento da psicologia de massas, nomeadamente aquela que a doutrina espírita oferece, explica-o de modo racional e torna entendíveis fenómenos como os de obsessões e alucinações colectivas. Poder-se-á levar em conta também para que tantos tenham visto o pretenso milagre do Sol a vertente da mediunidade que dá pelo nome de efeitos físicos.

A. Pinho da Silva
Licenciado em Filosofia
antoninusaugustus@hotmail.com

A trabalhar na rubrica em parceria com a Direcção/Redacção do jornal:
Hermínia Nadais
http://textosdaescoladavida.blogspot.com