segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Há muita falta de espelhos!...


Nas últimas décadas temos assistido e um enorme desenvolvimento a todos os níveis, principalmente na tecnologia da comunicação e meios de transporte que vão acentuando a passos largos, no dia a dia do mundo, a ideia de uma aldeia cada vez mais global e globalizante.
Vivemos num pequeno país da imensa Europa que muitos dizem de valores perdidos, mas em que muitos outros põem toda a confiança de um futuro mais risonho e promissor para todos, pois todos têm o direito ao bem-estar e felicidade.
Como quando há uma tempestade se espera pela bonança… talvez os nossos inúmeros problemas estejam prestes a extinguir-se! Mas não podemos ficar à espera que sejam os outros a resolvê-los. Temos de por e render todas as nossas capacidades, físicas, intelectuais, culturais, morais… colocando-as ao serviço do bem comum… na atenção a dar a nós mesmos e a quem nos rodeia, no trabalho feito com amor, no descanso por necessidade, na solidariedade e partilha a quem precisa de uma palavra, um gesto, um carinho, um sorriso… mas conscientes de que nada disto veste corpos nem enche estômagos famintos… é preciso muito mais… muito mais do que o dinheiro ou bens que os remediados e pobres partilham com muito boa vontade, mas que não chega!
Admiro-me muito quando ouço criticar e prender certo tipo de ladrões… os que se aventuram a actuar nas ruas, nas casas, nos cafés ou até mesmo nas instituições bancárias, e pagam na cadeia e muitas vezes com a vida a malvadez dos seus actos… enquanto os desviadores de tantos milhões que deveriam ser utilizados para o bem-estar de todo o povo português… e chegavam bem para isso… continuam bem vivos e à solta… sem ninguém que os castigue ou lhes diga “basta”!
Conscientes de que o bem e o mal caminham connosco lado a lado, se não lutarmos por praticar o bem o mal toma logo conta das nossas acções e acaba por fazer de nós os maiores egoístas e malfeitores… e a maior parte das vezes cheios de sorrisos, de boas maneiras e falinhas mansas… numa hipocrisia inconcebível!...
É urgente termos o conhecimento exacto da honestidade que devemos ter nos cargos que ocupamos, sejam eles quais forem, onde deverá haver o mesmo peso e a mesma medida para todos os cidadãos, indiferentemente da sua condição social, ideologia, raça, credo ou cor! Todos somos gente, e toda a gente tem responsabilidades no lugar que ocupa na sociedade – pois somos seres sociais que dependemos uns dos outros!
Em vez de evidenciarmos o que vão fazendo de bem falamos mal de tudo: do Governo, das Autarquias, da Segurança Social, dos Tribunais, dos Advogados, dos Médicos, dos Enfermeiros, dos Professores, dos Alunos, dos Funcionários Públicos, dos Bancários, dos Comerciantes, dos Industriais, dos Patrões, dos Empregados… dos bêbados, dos drogados, dos malandros e dos “tarados”… que somos todos nós que passamos a vida a criticar os outros e sem um “espelho” que nos ajude a ver claramente o nosso comportamento real.
O aumento da compreensão, solidariedade e fraternidade humana devia acompanhar o desenvolvimento cultural e tecnológico. No mundo há bens materiais mais que suficientes para que todos vivam sem necessidades, mas enquanto houver, ricos ou pobres, orgulhosos… avarentos… presunçosos… preguiçosos… o mal-estar e a miséria continuarão a existir. E para quê tanta ganância… se nada no mundo é totalmente nosso! Se tivéssemos a coragem de olhar profundamente e “com olhos de ver” o que aconteceu na nossa Ilha da Madeira, no Haiti, e em tantos outros locais arrasados pelos distúrbios da Natureza… saberíamos muito bem como fazer o mundo feliz!

Hermínia Nadais
A Publicar no Notícias de Cambra

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A barca da perdição!


Hoje, numa situação muito especial, alguém afirmou que é preciso sair da barca da perdição. Esta frase serviu-me de tema para mais uma reflexão sobre algumas das particularidades do ser humano, perito em importâncias, daí ceder muitas vezes à tentação de olhar os seus congéneres de cima para baixo, comportamento que lhe concede a maior de toda a mesquinhez.
Estou careca de ouvir dizer que o mundo está muito mal, que as pessoas são muito más e que é preciso que encontrem o verdadeiro caminho… mas sinto que muito pouca gente mostra o caminho verdadeiro com obras em vez de palavras… e se com palavras… com palavras que sejam o reflexo de uma vida austera, íntegra, caridosa, cheia de compreensão, doação e amor, que seja um exemplo a seguir calma, segura e confiadamente.
Mais do que nunca é imperioso acabarmos com muitas das nossas ilusões. Não vale a pena passarmos a maior parte da vida a dizer aos outros que é preciso alterarem os seus comportamentos … mas é urgente fazermos uma análise profunda aos nossos… que são os únicos que podemos alterar.
Palavras leva-as o vento – é um ditado muito velho e que cada vez se torna mais evidente – pois as lições de moral, se não são dadas com a vida, nunca serão lições, antes, transformar-se-ão em perdições.
Se tivermos em conta o que acontece connosco quando somos criticados… se analisarmos a revolta sentida e o desencadear de sentimentos negativos e negativistas… e muitas vezes mesmo o enorme desânimo e agressividade… ficaremos certos de que as críticas pelas críticas, ainda que sejam feitas com muito boa vontade, não levam a lado nenhum. Se pelo contrário, enveredarmos pelo lado do elogio, o sucesso será evidente, pois toda a gente tem necessidade de ser reconhecido como capaz.
A mudança de comportamento das pessoas não está nas chamadas de atenção para os seus erros, mas para as suas boas acções.
Sabemos que umas mais que outras, mas todas as pessoas têm comportamentos mais ou menos salutares. Importa descobri-los, valorizá-los, mostrá-los, pois ainda que sejam coisas insignificantes, se as valorizarmos, podem ser melhoradas e multiplicadas no mais curto espaço de tempo! Uma pessoa valorizada faz tudo por transformar a sua vida, pois se por mais não for, será para continuar a ser elogiada e reconhecida no aperfeiçoamento das suas capacidades. O ser humano cria hábitos, e se a pessoa se habituar a sentir-se feliz ao praticar o bem, vai continuar a praticá-lo, não tenhamos dúvidas.
Como não pretendo iludir ninguém, quando faço afirmações… é porque já as tenho experimentadas!
Se formos sinceros e sinceras na análise cuidada de todos os nossos actos… verificaremos que a pior das barcas da perdição é a que se encontra bem dentro de cada um de nós… sejamos nós quem formos.
Se cada um de nós tivesse a sabedoria e a coragem de lutar contra os seus próprios defeitos e de amar todas as outras pessoas aceitando misericordiosamente todos os defeitos que elas possam ter… o mundo seria muito melhor. Então, não esperemos mais, sejamos valentes para podermos mudar as nossas atitudes de vida… e tornar o mundo mais realizado, humano e feliz!

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra