domingo, 30 de dezembro de 2012

“A ‘Fé’... na vida do homem!”




A época é de festa, de convívio, de alegria, de lembranças! As grandes superfícies comerciais chamam até elas imensos visitantes, e o comércio tradicional aparece a dizer ao grande público que ainda existe para bem o servir. E por eles, e para nós, as ruas aparecem mais iluminadas a lembrar constantemente a quadra que passa. Embora a razão de todo este aparato se nos apresente meramente comercial, convidando à compra de alguns presentes para acariciar os que nos são queridos, o olhar a maravilha dessas luzes intermitentes e multicores, além de nos encher os olhos, atinge-nos verdadeiramente o coração. A mensagem que delas irradia convida-nos a um maior aprofundamento das nossas relações humanas e a um maior esforço no sentido de dar mais atenção à nossa vida interior. É que o homem é dotado de qualidades superiores a qualquer outra criatura carnal, é um ser a quem o Criador concedeu traços indeléveis e semelhantes à  Sua própria imagem, com uma vida imortal, projectada para o além. É por esta razão que a criatura humana não pode prescindir de uma crença que lhe mostre mais ou menos claramente a razão  do seu viver e o fim para que foi criada. Só neste contexto se pode compreender que o ter fé, o acreditar em alguma coisa, é algo que faz parte integrante das necessidades vitais do homem.

Ter fé, no verdadeiro sentido do termo, é acreditar em algo que se não vê. Ora, a parte do homem que está à vista, o seu retrato físico, que corresponde à cor do rosto, dos olhos ou do cabelo, ao aspecto franzino ou robusto, a toda a sua fisionomia, embora sejam parte integrante da identificação do homem perante o seu semelhante, não nos mostram, de forma alguma, o que esse homem é, na realidade. É que o mais importante do homem não é visível aos olhos, é palpável e sensível apenas ao coração. O homem só se conhece e se dá a conhecer, embora nunca totalmente, através de uma convivência recíproca onde haja a promoção de um diálogo aberto e franco, onde haja calma e serenidade, atenção e compreensão, dedicação e doação, carinho, entrega, amor... Assim sendo, mesmo só humanamente falando, a vida é um acto de fé contínua: logo em pequeninos, acreditamos cegamente no pai, na mãe, em quem nos aconchega nos primeiros passos; vamos crescendo, e sentimos necessidade de acreditar nos amigos; acreditamos que as pessoas são sinceras connosco, que não nos atraiçoam,  e que nos ajudam; acreditamos que, de entre os amigos, há alguém que gosta um pouco mais de nós, a quem poderemos fazer feliz e de quem poderemos receber felicidade; acreditamos nas coisas boas da vida; acreditamos que temos a força necessária para vencer o mal; acreditamos... acreditamos!... Não há ninguém que não tenha passado nem esteja a passar, constantemente, por situações semelhantes a estas. Os actos de fé do ser humano são constantes, fazem parte de todos os momentos da vida de todos os dias e tendem a nunca mais acabar!... Então, se tivermos a dita de acreditar nas belezas da vida olhando-a sempre pelo lado positivo, veremos os seus momentos menos bons como deslizes passageiros, e teremos mais possibilidades de virmos a ser pessoas realizadas e felizes; se, pelo contrário, somos pessimistas e valorizamos em demasia o mal que nos vai acontecendo, a vida deixa de ter sorrisos, a saúde e alegria vão-se dissipando, e a nossa existência passa a ser de uma infelicidade sem limites, de amarguras infindas!... E dizemos muito categoricamente: “Isto... só a mim é que acontece!...” Ou então: “Tudo me chateia!...” E, pensamos que estamos certos, e que somos uns azarados. Mas, no final de tudo resolvido, se pararmos um pouco para pensar, acabamos por ver que não era nada assim, que todos aqueles sentimentos desesperantes foram causados por tremendas revoltas interiores e enormes egocentrismos que, ao conseguir manter-nos  preocupados connosco próprios nos levaram a não ver nada de bom a acontecer-nos nem a aceitar admitir que muitas outras pessoas podem muito bem ter vidas piores que a nossa.  Quando isto nos acontece, urge rever a nossa humildade e renovar a nossa autoconfiança.

É muito difícil acreditar no que quer que seja. A primeira coisa em que temos de acreditar é em nós mesmos. Depois, temos que viver acreditando nas pessoas que se relacionam connosco, cujas relações visíveis e palpáveis partem de um interior sempre com algo desconhecido.

Assim sendo, as crenças religiosas, exteriorizadas conforme as vivências de cada um segundo a religião que professa, sentidas no mais íntimo do ser, são como que um corolário das situações normais de cada vida. Ter fé é uma necessidade vital do ser humano, pois mesmo os chamados ateus ou agnóstico, que se dizem sem crença alguma, acreditam que não acreditam em nada, o que acaba por ser uma outra forma de viver a fé.

Falar de fé, é um tema inesgotável. Quero apenas referir uma coisa que me parece importante. É que, qualquer crença que tenha por fim valorizar o todo da pessoa humana e fomentar a paz e unidade entre os povos, é querida e bem-vinda, porque, ao pôr em prática a lei do amor mútuo, leva-nos a viver segundo o fim para que fomos criados.

Que esta forma de encarar as diferentes situações seja uma breve realidade na vida de todos  nós.

Bom Natal e próspero Ano Novo!    
In "Notícias de Cambra"  antigo... mas atual

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ANO DA FÉ




Falar em espiritualidade é falar do interior da pessoa humana que tem necessidade de acreditar em algo para poder sobreviver. Algumas pessoas acreditam que o dinheiro dá felicidade e fazem tudo por o conseguir; outras acreditam que a felicidade se encontra no correr montes e vales atrás de tudo o que lhes cause prazer imediato e satisfação; há as que pensam que a felicidade é apresentar-se muito bem e serem admiradas por toda a gente; há ainda as que gostam de mandar e ter poder, no desejo de encontrar aí a sua felicidade.
Puro engano! Tudo isto pode dar um pouco de felicidade, mas efémera e passageira! A felicidade duradoira que preenche por completo o corpo, coração e alma, neste mundo, não existe, porque a felicidade não se encontra em nada que o vento e o tempo levem, mas na descoberta e vivência do AMOR que nos habita no mais íntimo do nosso ser, pois só esse AMOR é verdadeiro e nos pode fazer minimamente felizes levando-nos a esforçar-nos o quanto pudermos para darmos felicidade a quem nos rodeia!
Mas não tenhamos ilusões, pois ainda assim, neste mundo, só conseguiremos alguns momentos de felicidade, mais ou menos intensos e longos, interpolados com muitas aflições, dissabores e desenganos.
A felicidade plena neste mundo é uma utopia! A felicidade está intrinsecamente ligada ao amor, e não há amor nem felicidade sem conhecimento do ser amado e doação gratuita!
O amor, quando verdadeiro, gera vontade e coragem de conhecer, compreender, aceitar, partilhar e ajudar, pois são estas e outras atitudes similares que fazem o Amor florescer e crescer cada vez mais no coração das pessoas e, deste modo, tornar o mundo mais solidário e caritativo como todos nós desejamos.
Tal como os olhos são as janelas do corpo, a Felicidade/AMOR emanados do coração são o suporte do espírito e as janelas da alma, que existem dentro da própria pessoa, e é aí que têm de ser procurados e encontrados.
O Ser Humano nasceu para amar! Só poderá encontrar a FELICIDADE no AMOR! E só quando se sentir amado e for capaz de amar tem possibilidade de ser realmente feliz.
Queiramos ou não, somos quadros esculpidos e pintados muito cuidadosamente por ALGUÉM que nos criou cada qual diferente do outro, com defeitos e qualidades específicos, únicos e irrepetíveis, que o Pintor/Escultor, Deus, o Amor por excelência, ama infinitamente, assim como todos são e cada um é! Ainda que não sejamos amados por mais ninguém, Deus sempre nos amará, independentemente de O querermos ou não e de aceitarmos ou não o Seu Amor! O amor de Deus por nós não tem nada a ver com as nossas ações, mas com a essência de Deus que é amor, e muito simplesmente, ama, Ele não poderá nunca fazer outra coisa além de amar e ajudar a amar!
Ter Fé é acreditar em Deus Amor! O Ano da Fé tem por fim levar-nos a compreender este Amor louco e apaixonado de Deus pela Humanidade, que nos foi apresentado na vida e obra de Jesus Cristo, HOMEM incomparável que foi e sempre será o maior personagem de toda a história.
Oxalá o consigamos! Pois desde o nosso nascimento até à nossa morte, pacientemente, Jesus espera que aceitemos o Seu AMOR e tentemos viver do Seu jeito, amando amigos e inimigos, as pessoas de quem gostamos mais e aquelas de quem gostamos menos, tal como Ele ensinou quando viveu como nós neste mundo e os Seus seguidores, obedecendo à Sua vontade, nos deixaram registado para sabermos como bem viver – AMANDO!
Felicidades, queridos leitores!  E que Jesus Cristo vos proteja, qualquer que seja a forma como O amardes e seguirdes, ou mesmo se O renegardes, pois Ele estará sempre convosco, queirais ou não, porque ELE é parte integrante de todos nós!

In "Notícias de Cambra"

domingo, 25 de novembro de 2012

Quando o Sol se põe…anoitece!


Não sei muito bem como começar! Estou cansada de ver as carícias da Lua, o cintilar das Estrelas e os sorrisos do Sol desmaiados pelas desventuras de uma Humanidade que poderia ter tudo para viver desafogadamente e, por culpa própria, se encontra, quase por completo, na maior das amarguras!
Ao ouvir falar tantas vezes de crise resolvi retirar dos meus olhos as vendas cor-de-rosa com que gosto de os cobrir, e, muito tristemente, acabei por verificar que o panorama mundial, de facto, é mais que aterrador!
A maior parte dos HOMENS e MULHERES do nosso tempo transformaram uma época que pretendíamos fosse de luzes numa quase total escuridão, pois no egoísmo exagerado do ter… esqueceram-se que são seres sociais por excelência, e que o mal de uns afeta os outros e cria enormes problemas para todos.
Se Deus fosse pessoa como nós, amando-nos infinitamente como nos ama, choraria dia e noite com pena desta humanidade desatinada! O enorme desenvolvimento que o mundo tem conseguido a todos os níveis, deve-o a quem? Quando os homens pensam viver sem Deus… as coisas começam a correr muito mal!
As descobertas científicas e o avançado da alta tecnologia poderiam servir para mimar vidas e alegrar corações, mas fizeram com que a enorme maioria dos HOMENS, em vez de VIVEREM NO AMOR FRATERNO PARA QUE FORAM CRIADOS, enveredem por caminhos errados! Livres para fazer o que muito bem entendem… Deus não pode fazer nada contra a vontade deles!...
Neste contexto, e tendo em conta a atual vida de muitos países inclusive o nosso querido Portugal, o fabrico de leis de índole duvidosa deixa que pessoas depravadas ou eticamente pouco esclarecidas possam roubar com legalidade, das mais variadas formas: em desvios de dinheiro… que o Estado tem de pagar para que os seus membros não percam os proventos metidos nos bancos defraudados; em obras portentosas que gastam sempre um sem número de milhares ou milhões de euros a mais do que o orçamento inicial; em salários francamente desproporcionados em relação ao trabalho feito e à miséria dos que efetivamente suportam com seus braços a economia do País; em mordomias descabidas e desrespeitosas para quem tanto trabalha e tantos impostos tem de pagar para que possam usufruir dessas mordomias; em reformas precoces, de montantes elevadíssimos, e vitalícias… acrescidas do facto de os ditos reformados poderem ter ainda outros novos empregos de salários chorudos… a lançar para o desemprego quem precisa do ordenado para poder sobreviver; em veículos de preços exorbitantes… quando qualquer carro tem quatro rodas que para andar servem muito bem; e… quantas mais atitudes erradas andarão por aí… umas que já vão rolando entre amigos em surdina… outras que nunca mais irão saber-se!
Valha-nos… quem nos possa valer! Depois querem calar a boca do povo dizendo que gastamos mais do que o que devíamos!
É natural! O exemplo vem sempre de cima! Cada Governo queria ter e dar mais benesses que o outro… para se ajeitar melhor a si mesmo e conseguir mais votos para as novas eleições!...
Pela parte que me cabe, trabalhei duro até mais não! Nunca pedi aumento de ordenados! Quando fui para a aposentação, porque não me tinham feito atempadamente as necessárias atualizações de descontos, tive que pagar, ao tempo, três mil e tal contos (15000€) e não me queixei! Depois de aposentada, decidi fazer algo de bom para a comunidade para merecer o dinheiro que me pagam no fim do mês. E ninguém imagina o quanto trabalho!
Vou acompanhando o melhor e pior no decorrer dos dias, sem convicções Políticas! Mas confesso que faz falta no Governo um homem de pulso que consiga levar a cabo uma das boas afirmações do Salazar, que era mais ou menos assim: é preciso que a máquina do Estado crie leis de tal forma justas e isentas que os senhores deputados não possam, legalmente, favorecer familiares e amigos!
Quando o Sol se põe, anoitece! A minha paciência, chegou ao fim! É noite! Desculpem-me… mas isto é apenas uma mostrazinha do quanto me dói o coração!

 In "Notícias de Cambra"

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Recordar… para vencer!




As férias acabaram para quem as pôde gozar… nem sequer começaram para quem a vida só tem preocupações e canseiras… e continuam indefinidamente para quem espera conseguir meios de sobrevivência, vendo o tempo levar consigo o subsídio de desemprego e sem saber o que poderá acontecer depois!
Este panorama é realmente triste e arrasador! E agrava-se muito mais quando acabamos por interiorizar que todos, sem exceção, temos alguma culpa em tudo quanto se está a passar por esse País e Europa fora.
Quando penso nos meus primeiros anos de vida e recordo as palavras e atitudes de meus pais e das pessoas com quem convivia, chego à conclusão de que o favoritismo exagerado que se foi dando nessas idades a quem nos sucedeu esteve e continua a estar na raiz de toda esta embaraçosa situação!
A fuga desenfreada ao calor do Sol que abrasava os corpos bronzeados curvados ao peso da enxada e da foicinha trouxe consigo um sem número de problemas tremendamente difíceis de ultrapassar. A cultura que se foi espalhando e adquirindo gradualmente foi e é muitíssimo preciosa, mas mostrou-se incapaz de acompanhar a interiorização das estruturas geradoras da responsabilidade inerente a um crescimento pessoal condigno, como aquele que existia quando o pão fabricado com o milho colhido nos campos acompanhava a sopa… e as galinhas, os ovos, os coelhos, o leite e as crias das vaquinhas iam fornecendo o dinheiro para um pouco de mercearia e bacalhau comprados na feira, para o carapau e a sardinha que a peixeira trazia na sua característica cestinha, e para o porquinho morto em Novembro/Dezembro, meses frios e propícios à salga caseira da carne, preparação de enchidos e à guarda de rojões na banha, provisões que deveriam chegar até ao final do ano! A marca do que se vestia naquele tempo dependia do dinheiro para o tecido e do jeito da costureira ou alfaiate, e normalmente havia a roupa do trabalho semanal e uma outra para sair ou ir à Missa ao Domingo! E para se conseguir alguma pecinha nova… era preciso esperar pelo Natal, pela Páscoa ou pelos dias festivos dos Santos Padroeiros que, enquanto fortaleciam a fé dos cristãos, iam animando um pouco mais as nossas aldeias. Eram estas vivências que tornavam as pessoas capazes de resistir a todas as intempéries, e a vencer as dificuldades mais amargas.
Criados num regime tão autoritário e com tantas privações, é muito natural que os pais e avós fizessem tudo para melhorar a vida dos seus filhos e netos… mas eram escusados tão magnos exageros!...
Há uma outra questão a considerar! Quando as pessoas estão muito habituadas a obedecer… não sabem usar da liberdade e acabam por transformá-la em anarquia… o que talvez tenha acontecido com a enorme maioria do povo, principalmente do português! De um Governo permanente que economizava por demais, mandava em tudo e tudo proibia… passamos a Governos que se sucedem uns aos outros, se esvaem em condescendências para amigos e se enchem cada vez mais de mordomias, ao ponto de, passados uns aninhos na governação… acabarem por ficar muito bem governados com reformas vitalícias chorudas! Por acaso… já alguma vez nos predispusemos a pensar em quantas pessoas já passaram pelo Governo e estão… assim… muito bem governadinhas?!... Talvez não!... E não vamos esperar que isto mude facilmente… porque os que agora governam têm que respeitar os que antes governaram… para que os que vierem a governar depois deles os respeitem a eles também!… E o povo… que os vai metendo lá no poleiro… anda mesmo desgovernado com tantos apertos que não sabe mais o que há-de fazer!... Valha-nos a decência e a moralidade… impregnadas de muito bom senso, altruísmo e Justiça Social! 
As crianças e jovens de hoje serão os governantes de amanhã! Ao lado da implementação da cultura urge incentivar à responsabilidade social! Os alunos não podem ser números, mas tratados como pessoas que são, diminuindo o número de alunos por turma em vez de o aumentar, pois quem tem passado pela Escola sabe muito bem onde vão dar estas e outras atitudes descabidas. Depois, é preciso preparar os jovens para um bom entendimento conjugal, de modo a restaurar e fortalecer os valores familiares para que as crianças e jovens possam aprender na família o caminho da verdadeira liberdade que está no exato cumprimento de todos os deveres e no querer para os outros o mesmo que queremos para nós, repartindo com quem precisa, não só os bens materiais, mas todos os saberes e modos de viver para que a Sociedade ultrapasse a crise e possa sentir-se mais realizada e feliz! 

domingo, 7 de outubro de 2012

SER OU PARECER!




Desculpem-me a ousadia, mas hoje apetece-me fazer uma pequena (in)confidência, que me perdoem os evocados!
Faz tempo convidaram-me a ir a uma sessão de fados por artistas amadores a realizar num determinado local cá do sítio.
O tempo era escasso! Mas a possibilidade de poder ouvir fados cantados por pessoas da terra, algumas delas amigas muito queridas, levou-me a aceitar o convite.
O evento englobava um jantar convívio, onde se inseriram várias pessoas, algumas que nunca tinha visto entre outras minhas amigas ou conhecidas.
O ambiente era acolhedor e harmonioso.
Excluindo um pouco alguns e algumas “gralhas” a necessitar de dar nas vistas, o salão ficou cheio de gente interessada no acontecimento e feliz por, numa sã camaradagem, evocar memórias, fazer novos amigos, ou, muito simplesmente, partilhar um pouco de vida, alegria e boa disposição.
É curioso que, mesmo no meio de pessoas com gostos, ideias e interesses diferentes dos nossos, há sempre quereres parecidos ou iguais. Numa mesa em frente, estava um casal para mim indefinível: a amizade connosco era pouco intensa, a ideologia discrepante, a espiritualidade diferentemente vivida, um certo antagonismo na maneira de ser e de querer… mas uma enorme e digna realidade nos unia e une: o interesse pela verdade no valor incomensurável do verdadeiro amor e no gosto pela partilha das mais divergentes descobertas, num sábio e permanente gerir de conflitos para melhorar o bem-estar geral e o crescimento global e globalizante de quem connosco convive.
Depois de um breve e brilhante encontro de boas-vindas com um cumprimento muito cordial e dois dedos de conversa desconcertada arranjada um tanto à pressa sem sabermos muito bem o que dizer, ocupamos os espaços que nos estavam reservados.
De quando em vez, verificávamos que os nossos olhares se iam cruzando por entre as conversas animadas e os aplausos empolgados aos artistas no aconchego agradável e melodioso daquela noite embevecida onde se respirava uma inefável e deleitosa paz.    
O adiantado da hora fez com que o casal se retirasse antes do fim… com um sorriso aberto, franco e acolhedor, acompanhado de um leve acenar de mão e um olhar muito terno e carinhoso.
Permanecemos ali durante mais um tempinho, mas sem aquela sensação inebriante dos maravilhosos momentos de ventura, serenidade e paz que o António e a sua linda e delicada esposa me fizeram sentir, me inundaram de todo o coração, me marcaram a vida e ma marcarão indelevelmente até ao resto dos meus dias.
Por estas e outras semelhantes, posso afirmar com toda a certeza que, “quem tu pareces, não interessa, mas quem tu és na realidade, sem sombra de dúvida, faz toda a diferença!” Ser… ou parecer… é uma questão a ter em conta e que urge saber escolher e ter a coragem necessária para levar a cabo a decisão tomada, pois seja qual for, pela coerência a ter, nunca será fácil!
Neste contexto… qualquer que seja a nossa crença religiosa ou mesmo que queiramos afirmar não ter crença alguma, no desenrolar da nossa vida, que não queiramos parecer… mas muito simples e delicadamente que sejamos, realmente, algo que irradie todo o amor e dedicação que o mundo precisa para ser minimamente feliz!
In "Notícias de Cambra"