domingo, 7 de outubro de 2012

SER OU PARECER!




Desculpem-me a ousadia, mas hoje apetece-me fazer uma pequena (in)confidência, que me perdoem os evocados!
Faz tempo convidaram-me a ir a uma sessão de fados por artistas amadores a realizar num determinado local cá do sítio.
O tempo era escasso! Mas a possibilidade de poder ouvir fados cantados por pessoas da terra, algumas delas amigas muito queridas, levou-me a aceitar o convite.
O evento englobava um jantar convívio, onde se inseriram várias pessoas, algumas que nunca tinha visto entre outras minhas amigas ou conhecidas.
O ambiente era acolhedor e harmonioso.
Excluindo um pouco alguns e algumas “gralhas” a necessitar de dar nas vistas, o salão ficou cheio de gente interessada no acontecimento e feliz por, numa sã camaradagem, evocar memórias, fazer novos amigos, ou, muito simplesmente, partilhar um pouco de vida, alegria e boa disposição.
É curioso que, mesmo no meio de pessoas com gostos, ideias e interesses diferentes dos nossos, há sempre quereres parecidos ou iguais. Numa mesa em frente, estava um casal para mim indefinível: a amizade connosco era pouco intensa, a ideologia discrepante, a espiritualidade diferentemente vivida, um certo antagonismo na maneira de ser e de querer… mas uma enorme e digna realidade nos unia e une: o interesse pela verdade no valor incomensurável do verdadeiro amor e no gosto pela partilha das mais divergentes descobertas, num sábio e permanente gerir de conflitos para melhorar o bem-estar geral e o crescimento global e globalizante de quem connosco convive.
Depois de um breve e brilhante encontro de boas-vindas com um cumprimento muito cordial e dois dedos de conversa desconcertada arranjada um tanto à pressa sem sabermos muito bem o que dizer, ocupamos os espaços que nos estavam reservados.
De quando em vez, verificávamos que os nossos olhares se iam cruzando por entre as conversas animadas e os aplausos empolgados aos artistas no aconchego agradável e melodioso daquela noite embevecida onde se respirava uma inefável e deleitosa paz.    
O adiantado da hora fez com que o casal se retirasse antes do fim… com um sorriso aberto, franco e acolhedor, acompanhado de um leve acenar de mão e um olhar muito terno e carinhoso.
Permanecemos ali durante mais um tempinho, mas sem aquela sensação inebriante dos maravilhosos momentos de ventura, serenidade e paz que o António e a sua linda e delicada esposa me fizeram sentir, me inundaram de todo o coração, me marcaram a vida e ma marcarão indelevelmente até ao resto dos meus dias.
Por estas e outras semelhantes, posso afirmar com toda a certeza que, “quem tu pareces, não interessa, mas quem tu és na realidade, sem sombra de dúvida, faz toda a diferença!” Ser… ou parecer… é uma questão a ter em conta e que urge saber escolher e ter a coragem necessária para levar a cabo a decisão tomada, pois seja qual for, pela coerência a ter, nunca será fácil!
Neste contexto… qualquer que seja a nossa crença religiosa ou mesmo que queiramos afirmar não ter crença alguma, no desenrolar da nossa vida, que não queiramos parecer… mas muito simples e delicadamente que sejamos, realmente, algo que irradie todo o amor e dedicação que o mundo precisa para ser minimamente feliz!
In "Notícias de Cambra"