domingo, 25 de novembro de 2012

Quando o Sol se põe…anoitece!


Não sei muito bem como começar! Estou cansada de ver as carícias da Lua, o cintilar das Estrelas e os sorrisos do Sol desmaiados pelas desventuras de uma Humanidade que poderia ter tudo para viver desafogadamente e, por culpa própria, se encontra, quase por completo, na maior das amarguras!
Ao ouvir falar tantas vezes de crise resolvi retirar dos meus olhos as vendas cor-de-rosa com que gosto de os cobrir, e, muito tristemente, acabei por verificar que o panorama mundial, de facto, é mais que aterrador!
A maior parte dos HOMENS e MULHERES do nosso tempo transformaram uma época que pretendíamos fosse de luzes numa quase total escuridão, pois no egoísmo exagerado do ter… esqueceram-se que são seres sociais por excelência, e que o mal de uns afeta os outros e cria enormes problemas para todos.
Se Deus fosse pessoa como nós, amando-nos infinitamente como nos ama, choraria dia e noite com pena desta humanidade desatinada! O enorme desenvolvimento que o mundo tem conseguido a todos os níveis, deve-o a quem? Quando os homens pensam viver sem Deus… as coisas começam a correr muito mal!
As descobertas científicas e o avançado da alta tecnologia poderiam servir para mimar vidas e alegrar corações, mas fizeram com que a enorme maioria dos HOMENS, em vez de VIVEREM NO AMOR FRATERNO PARA QUE FORAM CRIADOS, enveredem por caminhos errados! Livres para fazer o que muito bem entendem… Deus não pode fazer nada contra a vontade deles!...
Neste contexto, e tendo em conta a atual vida de muitos países inclusive o nosso querido Portugal, o fabrico de leis de índole duvidosa deixa que pessoas depravadas ou eticamente pouco esclarecidas possam roubar com legalidade, das mais variadas formas: em desvios de dinheiro… que o Estado tem de pagar para que os seus membros não percam os proventos metidos nos bancos defraudados; em obras portentosas que gastam sempre um sem número de milhares ou milhões de euros a mais do que o orçamento inicial; em salários francamente desproporcionados em relação ao trabalho feito e à miséria dos que efetivamente suportam com seus braços a economia do País; em mordomias descabidas e desrespeitosas para quem tanto trabalha e tantos impostos tem de pagar para que possam usufruir dessas mordomias; em reformas precoces, de montantes elevadíssimos, e vitalícias… acrescidas do facto de os ditos reformados poderem ter ainda outros novos empregos de salários chorudos… a lançar para o desemprego quem precisa do ordenado para poder sobreviver; em veículos de preços exorbitantes… quando qualquer carro tem quatro rodas que para andar servem muito bem; e… quantas mais atitudes erradas andarão por aí… umas que já vão rolando entre amigos em surdina… outras que nunca mais irão saber-se!
Valha-nos… quem nos possa valer! Depois querem calar a boca do povo dizendo que gastamos mais do que o que devíamos!
É natural! O exemplo vem sempre de cima! Cada Governo queria ter e dar mais benesses que o outro… para se ajeitar melhor a si mesmo e conseguir mais votos para as novas eleições!...
Pela parte que me cabe, trabalhei duro até mais não! Nunca pedi aumento de ordenados! Quando fui para a aposentação, porque não me tinham feito atempadamente as necessárias atualizações de descontos, tive que pagar, ao tempo, três mil e tal contos (15000€) e não me queixei! Depois de aposentada, decidi fazer algo de bom para a comunidade para merecer o dinheiro que me pagam no fim do mês. E ninguém imagina o quanto trabalho!
Vou acompanhando o melhor e pior no decorrer dos dias, sem convicções Políticas! Mas confesso que faz falta no Governo um homem de pulso que consiga levar a cabo uma das boas afirmações do Salazar, que era mais ou menos assim: é preciso que a máquina do Estado crie leis de tal forma justas e isentas que os senhores deputados não possam, legalmente, favorecer familiares e amigos!
Quando o Sol se põe, anoitece! A minha paciência, chegou ao fim! É noite! Desculpem-me… mas isto é apenas uma mostrazinha do quanto me dói o coração!

 In "Notícias de Cambra"

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Recordar… para vencer!




As férias acabaram para quem as pôde gozar… nem sequer começaram para quem a vida só tem preocupações e canseiras… e continuam indefinidamente para quem espera conseguir meios de sobrevivência, vendo o tempo levar consigo o subsídio de desemprego e sem saber o que poderá acontecer depois!
Este panorama é realmente triste e arrasador! E agrava-se muito mais quando acabamos por interiorizar que todos, sem exceção, temos alguma culpa em tudo quanto se está a passar por esse País e Europa fora.
Quando penso nos meus primeiros anos de vida e recordo as palavras e atitudes de meus pais e das pessoas com quem convivia, chego à conclusão de que o favoritismo exagerado que se foi dando nessas idades a quem nos sucedeu esteve e continua a estar na raiz de toda esta embaraçosa situação!
A fuga desenfreada ao calor do Sol que abrasava os corpos bronzeados curvados ao peso da enxada e da foicinha trouxe consigo um sem número de problemas tremendamente difíceis de ultrapassar. A cultura que se foi espalhando e adquirindo gradualmente foi e é muitíssimo preciosa, mas mostrou-se incapaz de acompanhar a interiorização das estruturas geradoras da responsabilidade inerente a um crescimento pessoal condigno, como aquele que existia quando o pão fabricado com o milho colhido nos campos acompanhava a sopa… e as galinhas, os ovos, os coelhos, o leite e as crias das vaquinhas iam fornecendo o dinheiro para um pouco de mercearia e bacalhau comprados na feira, para o carapau e a sardinha que a peixeira trazia na sua característica cestinha, e para o porquinho morto em Novembro/Dezembro, meses frios e propícios à salga caseira da carne, preparação de enchidos e à guarda de rojões na banha, provisões que deveriam chegar até ao final do ano! A marca do que se vestia naquele tempo dependia do dinheiro para o tecido e do jeito da costureira ou alfaiate, e normalmente havia a roupa do trabalho semanal e uma outra para sair ou ir à Missa ao Domingo! E para se conseguir alguma pecinha nova… era preciso esperar pelo Natal, pela Páscoa ou pelos dias festivos dos Santos Padroeiros que, enquanto fortaleciam a fé dos cristãos, iam animando um pouco mais as nossas aldeias. Eram estas vivências que tornavam as pessoas capazes de resistir a todas as intempéries, e a vencer as dificuldades mais amargas.
Criados num regime tão autoritário e com tantas privações, é muito natural que os pais e avós fizessem tudo para melhorar a vida dos seus filhos e netos… mas eram escusados tão magnos exageros!...
Há uma outra questão a considerar! Quando as pessoas estão muito habituadas a obedecer… não sabem usar da liberdade e acabam por transformá-la em anarquia… o que talvez tenha acontecido com a enorme maioria do povo, principalmente do português! De um Governo permanente que economizava por demais, mandava em tudo e tudo proibia… passamos a Governos que se sucedem uns aos outros, se esvaem em condescendências para amigos e se enchem cada vez mais de mordomias, ao ponto de, passados uns aninhos na governação… acabarem por ficar muito bem governados com reformas vitalícias chorudas! Por acaso… já alguma vez nos predispusemos a pensar em quantas pessoas já passaram pelo Governo e estão… assim… muito bem governadinhas?!... Talvez não!... E não vamos esperar que isto mude facilmente… porque os que agora governam têm que respeitar os que antes governaram… para que os que vierem a governar depois deles os respeitem a eles também!… E o povo… que os vai metendo lá no poleiro… anda mesmo desgovernado com tantos apertos que não sabe mais o que há-de fazer!... Valha-nos a decência e a moralidade… impregnadas de muito bom senso, altruísmo e Justiça Social! 
As crianças e jovens de hoje serão os governantes de amanhã! Ao lado da implementação da cultura urge incentivar à responsabilidade social! Os alunos não podem ser números, mas tratados como pessoas que são, diminuindo o número de alunos por turma em vez de o aumentar, pois quem tem passado pela Escola sabe muito bem onde vão dar estas e outras atitudes descabidas. Depois, é preciso preparar os jovens para um bom entendimento conjugal, de modo a restaurar e fortalecer os valores familiares para que as crianças e jovens possam aprender na família o caminho da verdadeira liberdade que está no exato cumprimento de todos os deveres e no querer para os outros o mesmo que queremos para nós, repartindo com quem precisa, não só os bens materiais, mas todos os saberes e modos de viver para que a Sociedade ultrapasse a crise e possa sentir-se mais realizada e feliz!